Um total de 54% dos profissionais optou pelas especialidades, principalmente a pediatria e a ginecologia
Dos atuais 9.262 médicos em atividades no Ceará, um montante de 5.038 é especialista, 54% do total, conforme dados da Demografia Médica no Brasil, mapeamento divulgado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Apesar dessa tal “bonança”, a comerciante, Neuda Matos, 50, diz esperar há mais de três meses por uma visita ao urologista com seu pai doente.
A prova desta dificuldade de Neusa e de outras centenas de usuários é a atual proporção médico por habitante, que se encontra na razão de 1,1 para cada mil habitantes. Este cenário insere o Ceará na 7ª pior posição brasileira no ranking que avalia distribuição dos profissionais entre a comunidade.
“Quem está precisando de especialidades médicas, principalmente para idosos e crianças, tem sofrido muito com a ausência deles”, reclama Neusa. Para a comerciante, é mais fácil encontrar generalistas.
Ela relata também os dias de espera em longas filas, a demora para o recebimento de exames e feitura de um rotineiro check-up. “Se dizem que tem quase 10 mil médicos para o povo, cadê todos eles?”, indaga.
Divisões
Entre as cinco maiores categorias no Estado, a pediatria ganha de todas, com 712 profissionais em atividade, deixando em segundo lugar os ginecologistas e obstetras (575); os anestesiologistas (437), em terceira posição; os cirurgiões gerais (427), na quarta, e os clínicos médicos (349), em quinto lugar.
Entre as mais “minguadas”, o mapeamento aponta a genética médica, com apenas um médico para todo o Ceará, e três cirurgiões de mãos para atender toda a demanda cearense.
O mapeamento revela ainda que o Brasil possui 204.563 especialistas e 167.225 generalistas. No entanto, conforme o estudo do CFM, as desigualdades regionais são gritantes. A região Sul contabiliza, por exemplo, o maior número de especialistas (1,95 para cada um generalista), contrapondo com a região Norte (0,83) e Nordeste (0,96).
Para agravar ainda mais o cenário, a concentração de profissionais ainda é grande na Capital, 51% trabalham em Fortaleza, não querem se arriscar, tentar ganhar a vida no Interior.
O presidente do Conselho Regional de Medicina do Ceará (CRM-CE), Ivan Moura Fé, lamenta essa situação e relata que a dificuldade, entretanto, não se restringe ao serviço público.
“Temos muitas carências também na rede privada, nas áreas de endocrinologia e de neurologia. A medicina da família ainda é pouco presente apesar de toda a real necessidade”, frisa.
O presidente do CRM-CE aponta que a maior dificuldade, hoje, é conseguir manter os médicos nos sues postos, visto que, segundo ele, os salários não seriam tão tentadores. Ele frisa um outro ponto, o crescimento da participação de mulheres na medicina, um total de 38,4%.
Pediatria
Para o presidente da Cooperativa dos Pediatras do Ceará (Cooped-CE), João Borges, apesar dos especialistas ainda serem a maioria, há muitos deles - em especial, os pediatras - que estão abandonando a carreira.
“Pelo menos uns 40% dos pediatras do Ceará está alargando o ramo. Estão desestimulados por demais. Quem não realiza procedimento cirúrgico, fica só em consultório, sofre bem mais”, finalizou Borges.
PEDIATRIA
Fortaleza enfrenta carência nas emergências
Embora a pediatria seja a especialidade mais procurada pelos médicos no País, Fortaleza enfrenta uma carência de pediatras nas emergências das unidades de atendimento secundário. Segundo o coordenador de gestão hospitalar da Prefeitura, Helly Ellery, apenas uma média de 70% do quadro de pediatras que deveriam trabalhar no setor atuam de fato nas emergências dos hospitais secundários.
Conforme o coordenador, um dos motivos para o fato é a emergência ser um campo que tem atraído poucos profissionais. "Hoje, a emergência é um lugar de tensão", acentua.
Ellery informa que as unidades secundárias passarão, em 2012, por um reordenamento que dividirá especialidades de acordo com o perfil de cada hospital. A pediatria do Frotinha do Antônio Bezerra, diz, será transferida para o Gonzaguinha da Barra do Ceará, que, por sua vez, transferirá seu atendimento clínico para o Antônio Bezerra. Segundo o coordenador, não haverá redução nos atendimentos.
Ivna Girão e João Moura Repórteres/DN
Dos atuais 9.262 médicos em atividades no Ceará, um montante de 5.038 é especialista, 54% do total, conforme dados da Demografia Médica no Brasil, mapeamento divulgado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Apesar dessa tal “bonança”, a comerciante, Neuda Matos, 50, diz esperar há mais de três meses por uma visita ao urologista com seu pai doente.
A prova desta dificuldade de Neusa e de outras centenas de usuários é a atual proporção médico por habitante, que se encontra na razão de 1,1 para cada mil habitantes. Este cenário insere o Ceará na 7ª pior posição brasileira no ranking que avalia distribuição dos profissionais entre a comunidade.
“Quem está precisando de especialidades médicas, principalmente para idosos e crianças, tem sofrido muito com a ausência deles”, reclama Neusa. Para a comerciante, é mais fácil encontrar generalistas.
Ela relata também os dias de espera em longas filas, a demora para o recebimento de exames e feitura de um rotineiro check-up. “Se dizem que tem quase 10 mil médicos para o povo, cadê todos eles?”, indaga.
Divisões
Entre as cinco maiores categorias no Estado, a pediatria ganha de todas, com 712 profissionais em atividade, deixando em segundo lugar os ginecologistas e obstetras (575); os anestesiologistas (437), em terceira posição; os cirurgiões gerais (427), na quarta, e os clínicos médicos (349), em quinto lugar.
Entre as mais “minguadas”, o mapeamento aponta a genética médica, com apenas um médico para todo o Ceará, e três cirurgiões de mãos para atender toda a demanda cearense.
O mapeamento revela ainda que o Brasil possui 204.563 especialistas e 167.225 generalistas. No entanto, conforme o estudo do CFM, as desigualdades regionais são gritantes. A região Sul contabiliza, por exemplo, o maior número de especialistas (1,95 para cada um generalista), contrapondo com a região Norte (0,83) e Nordeste (0,96).
Para agravar ainda mais o cenário, a concentração de profissionais ainda é grande na Capital, 51% trabalham em Fortaleza, não querem se arriscar, tentar ganhar a vida no Interior.
O presidente do Conselho Regional de Medicina do Ceará (CRM-CE), Ivan Moura Fé, lamenta essa situação e relata que a dificuldade, entretanto, não se restringe ao serviço público.
“Temos muitas carências também na rede privada, nas áreas de endocrinologia e de neurologia. A medicina da família ainda é pouco presente apesar de toda a real necessidade”, frisa.
O presidente do CRM-CE aponta que a maior dificuldade, hoje, é conseguir manter os médicos nos sues postos, visto que, segundo ele, os salários não seriam tão tentadores. Ele frisa um outro ponto, o crescimento da participação de mulheres na medicina, um total de 38,4%.
Pediatria
Para o presidente da Cooperativa dos Pediatras do Ceará (Cooped-CE), João Borges, apesar dos especialistas ainda serem a maioria, há muitos deles - em especial, os pediatras - que estão abandonando a carreira.
“Pelo menos uns 40% dos pediatras do Ceará está alargando o ramo. Estão desestimulados por demais. Quem não realiza procedimento cirúrgico, fica só em consultório, sofre bem mais”, finalizou Borges.
PEDIATRIA
Fortaleza enfrenta carência nas emergências
Embora a pediatria seja a especialidade mais procurada pelos médicos no País, Fortaleza enfrenta uma carência de pediatras nas emergências das unidades de atendimento secundário. Segundo o coordenador de gestão hospitalar da Prefeitura, Helly Ellery, apenas uma média de 70% do quadro de pediatras que deveriam trabalhar no setor atuam de fato nas emergências dos hospitais secundários.
Conforme o coordenador, um dos motivos para o fato é a emergência ser um campo que tem atraído poucos profissionais. "Hoje, a emergência é um lugar de tensão", acentua.
Ellery informa que as unidades secundárias passarão, em 2012, por um reordenamento que dividirá especialidades de acordo com o perfil de cada hospital. A pediatria do Frotinha do Antônio Bezerra, diz, será transferida para o Gonzaguinha da Barra do Ceará, que, por sua vez, transferirá seu atendimento clínico para o Antônio Bezerra. Segundo o coordenador, não haverá redução nos atendimentos.
Ivna Girão e João Moura Repórteres/DN
Nenhum comentário:
Postar um comentário