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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O Brasil não sabe o que é esporte profissional Exame.com

O esporte profissional ainda é um mistério para boa parte dos envolvidos nesse mercado.
Tem sido constante, não apenas nos últimos dias, mas nos últimos meses e anos, ler e ouvir de pessoas as mais variadas e envolvidas de alguma forma no meio esportivo, opiniões e idéias que não fazem o menor sentido à luz do que podemos considerar como profissionalismo no esporte.
Tomemos como exemplo o atual “imbroglio” que envolve o futebol paranaense.
Relembrando. O Atlético-Pr, por conta da adequação de seu estádio para sediar os jogos da Copa 2014 em Curitiba, está sem local para mandar seus jogos. E assim será durante muito tempo. Para a disputa do Estadual precisava indicar um local para mandar seus jogos, e o fez praticamente no limite da data estabelecida pela Federação local. Sem consultar o dono do local indicado, o rival Coritiba, recebeu deste a negativa da cessão. A Federação então, pressionada e com a batata fervendo nas mãos, e utilizando-se de um ítem anacrônico de seu estatuto (alíás comum aos estatutos das Federações e da própria Confederação), resolveu oficiar o Coritiba, “requisitando” o Couto Pereira para os jogos do rival, e além disso, determinando o valor do aluguel em R$ 30 mil por jogo. O Coritiba inconformado, entrou na Justiça, conseguiu uma liminar favorável, e a Federação aparentemente recuou.
Esse fato nos remete a outro, e tambem comentado neste blog, da absurda “requisição” do Engenhão pela CBF na última rodada do Brasileiro de 2011, fazendo com que o “dono” do estádio fosse desalojado do mesmo, em favor de terceiros.
O que acontece agora no Paraná resume o quanto a questão “profissionalismo no esporte” ainda engatinha no Brasil. Analisemos as ações dos envolvidos.
O Atlético não foi profissional na medida em que poderia, e deveria, ter negociado com o rival o aluguel do estádio por valores condizentes e interessantes para ambas as partes. Tempo houve, apesar da eleição no rubro-negro. O custo do pagamento de aluguel é uma realidade, e precisa constar nas previsões de despesas do clube para esse ano, afinal, esse é o ônus pelo “orgulho” em sediar alguns jogos da próxima Copa. Pela inabilidade, pode condenar seus torcedores a apoiarem o time em um estádio com capacidade para 10 mil torcedores apenas.
O Coritiba também não foi profissional, pois apesar de usar como justificativa para a recusa a provável deterioração do gramado, não teve “jogo de cintura” para negociar e agiu visivelmente impelido pela picuinha e rivalidade clubística. Ao não negociar, está perdendo a oportunidade de ganhar um bom dinheiro às custas do rival, que pelo fato de disputar a série B certamente terá médias altas de público, o que se refletiria não só no valor do aluguel, mas no faturamento de ítens agregados como patrocínios do estádio, alimentação, bebida, etc. Ou seja, jogou contra o próprio balanço.
Já a Federação igualmente não foi profissional, pois ao invés de agir como mediadora no interesse do futebol do Estado, utilizou-se de um expediente inadequado para exercer pressão sobre um clube federado, jogando gasolina na fogueira. O que ela fez na prática, talvez inspirada pela atitude da CBF, foi um “confisco” de um bem privado. Anti profissional ou não, o clube não pode ser obrigado a ceder seu estádio, e muito menos a aceitar um valor que não seja de seu interesse. Utilizar como justificativa o “interesse maior do futebol paranaense com vistas à futura Copa”, tentando fazer o Coritiba engolir à fórceps esse sapo gigantesco, é lamentável.
Em resumo, um show coletivo de equívocos, perda de oportunidades, inabilidade política, e um exemplo (mais um) de como ainda estamos longe de uma gestão esportiva profissional no Brasil.

fonte: Exame.com

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