BRASÍLIA, 15 Mar (Reuters) - A permissão para a venda e consumo de bebidas alcoólicas durante a Copa do Mundo de 2014 será mantida na Lei Geral da Copa, que deverá ser votada na próxima semana na Câmara, disse o relator do projeto, deputado Vicente Cândido (PT-SP).
Em meio à crise política entre aliados no Congresso, o governo teria anunciado não haver compromisso com a Fifa para a venda e consumo de bebidas alcoólicas em estádios, numa tentativa de viabilizar a aprovação da lei, que estabelece regras para a realização da Copa do Mundo em 2014 e das Confederações em 2013."Volta tudo como era antes. Ninguém entendeu nada, era meio uma informação totalmente nova, fora de contexto", disse Cândido à Reuters.
A nova posição é um recuo de Cândido. Na quarta-feira, ele disse que retiraria o dispositivo que legaliza o comércio de bebidas nas arenas após reunião com representantes da Casa Civil, na qual teriam afirmado não haver um acordo do governo sobre tal exigência.
Ainda na noite de quarta-feira, o relator participou de reunião com o governo, e logo depois o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, emitiu nota. O ministro deixou claro, na nota, o "compromisso assumido junto à Fifa relativo à venda de alimentos e bebidas nos estádios".
A questão interessa à Fifa, que tem uma cervejaria entre seus principais patrocinadores. Deputados contrários à liberalização das bebidas alegam que a permissão pode aumentar casos de violência nas arenas.
Sem o dispositivo que explicita a venda de bebidas alcoólicas, a Fifa teria que negociar com cada um dos Estados para conseguir autorização para comercializar os produtos.
"PASSANDO DO LIMITE"
O novo impasse em torno da lei ocorre na véspera de encontro entre a presidente Dilma Rousseff e o presidente da Fifa, Joseph Blatter, e num momento conturbado nas relações entre o país e a entidade.
O secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, criticou diversas vezes a demora na aprovação da Lei Geral da Copa. Na última delas, disse que o Brasil precisava de um "chute no traseiro" para fazer o evento acontecer. Após a declaração, o Brasil vetou sua atuação como interlocutor junto à Fifa.
"Já começa a ficar constrangedor para o Brasil essa demora em aprovar. Já está passando do limite do atraso. A Fifa tem razão na pressão dela e o Brasil tem que cumprir seus compromissos", disse Cândido.
A lei, aprovada em Comissão Especial na semana passada, precisa passar pelo plenário da Câmara e do Senado antes de ir à sanção presidencial.
(Reportagem de Hugo Bachega, com reportagem adicional de Jeferson Ribeiro)
Reuters
Nenhum comentário:
Postar um comentário