Com maior ou menor tempo de governo, as oligarquias municipais no Estado caracterizam um típico domínio "absoluto" de poder no Interior do Ceará
Ainda com mais força do que na esfera da política estadual, é no âmbito dos municípios que as oligarquias se constituíram -e se constituem - no Ceará. Na última matéria da série “100 anos da oligarquia de Accioly”, O POVO traz um apanhado das principais oligarquias municipais que fizeram ou ainda fazem parte da vida política cearense.
Espalhadas pelo Interior do Estado, nas diversas regiões, as oligarquias municipais são evidenciadas quando um grupo político tradicional, da mesma família, comanda as cidades por vários anos e domina praticamente toda a estrutura do município.
Conforme o cientista político Josênio Parente, no Ceará, as oligarquias municipais ganharam força desde a época da política dos coronéis. “Como os governos estaduais não conseguiam manter um controle direto nos municípios, faziam acordos com os coronéis. E estes tinham muito mais força dentro de sua área que os próprios governadores”, explica.
Localizado na Região Metropolitana de Fortaleza, o município de São Gonçalo do Amarante é um exemplo de oligarquia municipal. Desde 1947, a família do ex-governador Lúcio Alcântara (PR) domina a cidade. O grupo, liderado por muito tempo pelo ex-senador e também ex-governador, Waldemar de Alcântara, pai de Lúcio, só perdeu uma eleição neste período e já elegeu diversos deputados.
Em Morada Nova, desde a primeira metade do século passado, a política é comandada, alternadamente, pelas tradicionais famílias Castro e Girão. Nas últimas eleições municipais, disputaram a vaga de prefeito Franciné Girão (PRB) - que já havia ocupado a Prefeitura por duas vezes, além de ter sido deputado estadual - e Gláuber Castro (PMDB) – que é neto de Manoel de Castro Filho, o “Cacique do Vale”, que ocupou por sete mandatos consecutivos uma cadeira na Assembleia Legislativa.
A família Aguiar, no município de Camocim, teve o controle político do município por mais de meio século. Revezando-se no poder, a oligarquia só perdeu o comando do município nas eleições de 2004, quando o recolhedor de sucata Chico Vaulino (PP) venceu as eleições contra Antônio Alberto Rocha Aguiar, o Bebeto (PPS), tio do deputado estadual Sérgio Aguiar (PSB), herdeiro político da família.
Ainda na Região Norte, os Arruda também possuem mais de meio século de poder no currículo à frente dos destinos do município de Granja, tendo como patriarca Esmerino Arruda (PSDB).
Como
ENTENDA A NOTÍCIA
Nos municípios do Interior do Estado, a atuação política de um gestor público consegue ser mais intensa em virtude da dominação que ele exerce na área e pelo conhecimento detalhado da região
Resumo da Série
No domingo, primeiro dia da série, O POVO trouxe um caderno especial mostrando como foram os governos das quatro oligarquias cearenses: Nogueira Accioly, Legião Eleitoral Católica (LEC), coronéis e era Tasso Jereissati.
Já no segundo dia, a repórter Júlia Lopes fez um apanhado de como se deu a política cultural nesses períodos.
O POVO encerra hoje a série, no dia em que fazem 100 anos da queda da oligarquia acciolina, contando mais sobre o poder das oligarquias municipais no Estado do Ceará.
fonte: O Povo
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