foto: Jorge Roriz
Como saber quanto veneno estamos ingerindo?Tenho absoluta certeza, vocês já se depararam com o tema: Agrotóxicos – ou, como tem sido chamado, o veneno que colocamos, inadvertidamente, à mesa.Mas você sabe o que são os agrotóxicos, também conhecidos por “defensivos agrícolas”? Pois, na tentativa de ampliar a definição que tenho desse produto, fui até o site da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a qual regulamenta e fiscaliza produtos e serviços que envolvam risco a saúde, dentre eles os agrotóxicos, seus componentes e outras substâncias químicas de interesse público.
Conforme comecei a ler sobre o assunto, fui ficando cada vez mais estupefata. Sim, esse é o termo. Descobri que os agrotóxicos podem ser divididos quanto ao modo de ação. Os sistêmicos, quando aplicados nas plantas, circulam através da seiva por todos os tecidos vegetais, de forma a se distribuir uniformemente e ampliar o tempo de ação e de contato. Outros agem externamente no vegetal, tendo necessariamente que entrar em contato com o alvo biológico – mesmo esses são absorvidos pela planta, penetrando em seu interior através de suas porosidades.
O fato é que uma simples lavagem dos alimentos, conforme mostrou o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para), remove somente parte dos resíduos de agrotóxicos presentes na superfície dos mesmos.
Os agrotóxicos que foram parar dentro dos legumes e frutas, absorvidos por tecidos internos da planta, caso não tenham sido degradados pelo metabolismo do vegetal, permanecerão nos alimentos mesmo que esses sejam lavados. E aí, ao consumirmos esses alimentos, estaremos ingerindo agrotóxicos – seus resíduos.
Se você for curioso, visite o portal da Anvisa e leia a pesquisa “O risco de consumo de frutas e hortaliças cultivadas com agrotóxicos”. Os resultados apontam para duas categorias: ou os agrotóxicos excederam os limites estabelecidos, ou não eram autorizados para determinado alimento.
Pois pasme: a pesquisa mostra que o uso abusivo dos agrotóxicos, em desrespeito às indicações da bula de cada produto, somado à negligência ao intervalo de segurança (tempo entre a última aplicação e a colheita dos alimentos), leva à presença de resíduos nos alimentos superiores àqueles estabelecidos em legislação e reconhecidos como seguros, expondo a população a possíveis agravos à saúde.
Ainda assim, os inseticidas metamidofós, banidos em vários países, foram desautorizados no Brasil somente em janeiro de 2011 com a Reavaliação de Produtos Agrotóxicos, e tiveram sua manutenção e licença de importação canceladas.
Estarrecida, mas sabedora da indústria que se mantém por trás disso desde o fim da Segunda Guerra Mundial, bem como a atuação da Agencia Reguladora, pergunto-me: por que agricultores têm necessidade de usar produtos não autorizados? Os agrotóxicos autorizados são realmente eficazes para os alimentos? Os preços dos agrotóxicos são regulados ou monitorados pelo órgão responsável? Como saber quanto veneno estamos ingerindo? Tenho muito mais perguntas a fazer. Por hora, deixo outra informação para você... Caso seja do time que usa água sanitária para remover agrotóxicos dos alimentos, fique sabendo que, até o momento, a Anvisa não tem conhecimento de estudos científicos que comprovem a eficácia da água sanitária ou do cloro na remoção ou eliminação de resíduos de agrotóxicos nos alimentos. Soluções de hipoclorito de sódio, ou água sanitária, podem ser usadas para a higienização dos alimentos na proporção de uma colher de sopa para um litro de água, mas apenas para “matar” agentes microbiológicos que possam estar presentes nos alimentos.
De minha parte, somente sugiro que você não sirva veneno à mesa, pois, conforme foi muito veiculado no mês de agosto deste ano, nosso ranking é de envergonhar: estamos entre os que mais consomem o aditivo, e as consequências podem ser desastrosas. Pense nisso!
fonte: Seleções/Por Mariusa Colombo
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