Segundo o Detran/CE, seria possível transportar a população fortalezense nos veículos particulares e ainda sobrariam vagas
A frota de veículos em Fortaleza dobrou nos últimos dez anos. Em 2001, eram 379.408, enquanto que neste ano os automóveis somam 760.747. Segundo dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran/CE) são emplacados por mês, em Fortaleza, uma média de sete mil veículos.
Para se ter uma ideia da gravidade da situação, se levarmos em conta apenas os veículos particulares, que representam 93,7% da frota, observaremos que Fortaleza alcançou a inédita marca de um veículo para cada 3,4 habitantes.
A estatística mostra que seria possível transportar toda a população fortalezense nos veículos particulares e ainda sobrariam vagas. Lorena Moreira, diretora de Planejamento do Detran/CE, destaca que esse crescimento de veículos por habitantes é uma tendência que vem ocorrendo nacionalmente.
Fato ocasionado pelas facilidades de crédito e que acaba motivando as pessoas a adquirirem veículos particulares. Além disso, houve uma mudança cultural, pois o carro que antigamente atendia à demanda de toda família, na vida moderna não atende mais.
Ações
A situação deixa o alerta para a necessidade de medidas urgentes que visem melhorar a mobilidade urbana na Capital. A gestora acredita que, quando o metrô estiver funcionando, o trânsito deverá desafogar, pois se trata de um transporte rápido e confortável, o que irá estimular as pessoas a deixarem o carro em casa. "Enquanto a prioridade for o veículo, e não as pessoas, esse problema vai existir".
Fernando Bezerra, presidente da Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e de Cidadania (AMC), destaca que a frota de veículos está crescendo muito mais rápido que a de habitantes, o que considera um problema grave. Como saída, defende que é preciso partir, efetivamente, para o transporte de massa, dentre eles o metrô. "O Brasil já exauriu a capacidade de realizar grandes obras de infraestrutura, agora só tem uma solução: o transporte de massa. Temos que criar cada vez mais linhas de metrô".
Apesar dos dados alarmantes, Fernando Bezerra declara que Fortaleza está numa situação privilegiada se comparada a outras capitais brasileiras, pois o índice ainda é menos emblemático que outras capitais.
Trafegar pelas vias de Fortaleza, a qualquer hora do dia, se tornou tarefa das mais difíceis. No entanto, em algumas delas, a situação é mais crítica, a exemplo da Avenida Antônio Sales, que lidera o ranking das ruas com maior volume de veículos. Segundo a AMC, o logradouro recebe uma média diária de 42.255 veículos.
Em seguida vem as Avenidas Aguanambi (41.939), Bezerra de Menezes (41.239), Washington Soares (40.383), Eng. Santana Júnior (37.569), José Bastos (34.547), Abolição (33.027), Domingos Olímpio (30.720), Av. da Universidade (30.386) e Borges de Melo (28.860).
Alternativas
O promotor de Justiça Gilvan Melo, que coordena o Núcleo de Atuação Especial de Controle, Fiscalização e Acompanhamento de Políticas de Trânsito (Naetran), avalia que o crescimento da frota de veículos mostra que a população está melhorando de vida. No entanto, para quem mora na Capital, ressalta, isso significa que a qualidade de vida está piorando a cada dia.
Gilvan Melo comenta que algumas soluções para minimizar o problema dos congestionamentos são voltadas para que seja desenvolvido um estudo proibindo o estacionamento de veículos em determinadas áreas da cidade, pois com carros estacionados nos dois lados da via não tem como o trânsito fluir.
O promotor critica a construção de torres empresariais sem que seja dada opção de estacionamento aos funcionários, que têm de estacionar na rua.
A construção de edifícios garagens é uma alternativa utilizada em outras capitais, mas que segundo o promotor, os empresários cearenses ainda não despertaram para a iniciativa. Gilvan Melo defende que onde houver espaço para passagens subterrâneas e o terreno comportar, que seja feito, a exemplo do que ocorreu na Avenida Bezerra de Menezes. "As pessoas têm que se conscientizar e deixar o carro em casa, caso contrário vamos ter que fazer rodízio".
LUANA LIMA
REPÓRTER
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