Quando Romário foi eleito deputado federal, pelo PSB-RJ, em 2010, grande parte da população brasileira “torceu o nariz” e não acreditou que ex-jogador de futebol pudesse contribuir com o crescimento do Brasil.
Com a proposta clara de transparência e atuando como um verdadeiro “fiscal” do dinheiro público, nas obras da Copa do Mundo de 2014, o Baixinho foi ganhando a confiança e o respeito dos brasileiros.
Com declarações pouco comuns no mundo político e enfrentando a alta cúpula da Câmara, do Senado e, até da Presidência, Romário vai se destacando na política. Em entrevista ao jornalista Cosme Rimole, da TV Record, o deputado federal pede o envolvimento político da população e fala da importância do povo fiscalizar o uso do dinheiro público.
“Não tenha dúvidas que a ignorância é parceira da corrupção. Os gastos previstos para o Pan do Rio eram de, no máximo, R$ 400 milhões. Foram gastos R$ 3,5 bilhões. Vou dar um testemunho que nunca dei. Comprei alguns apartamentos na Vila Panamericana do Rio como investimento. A melhor coisa que fiz foi vender esses apartamentos rapidamente. Sabe por quê? A Vila do Pan foi construída em cima de um pântano. Está afundando. O Velódromo caríssimo está abandonado. Assim como o Complexo Aquático Maria Lenk... É um escândalo! Uma vergonha! Todos fingem não enxergar. Alguém ganhou muito dinheiro com o Pan-americano do Rio. A ignorância da população é que deixa essa gente safada sossegada. Sabe que ninguém vai cobrar nada das autoridades. A população não sabe da força que tem. Por isso que defendo os professores. Não temos base cultural nem para entender o que acontece ao nosso lado. E muito menos para perceber a força que temos. Para que gente poderosa vai querer a população consciente? O Pan do Rio custou quatro vezes mais do que este do México. Não deixou legado algum e ninguém abre a boca para reclamar”, afirmou.
Romário compara os gastos excessivos do Pan-americano com a Copa do Mundo de 2014 e diz que o Mundial será uma verdadeira “festa para os corruptos”. “Vou te dar um dado assustador. A presidente Dilma havia afirmado quando assumiu que a Copa custaria R$ 42 bilhões. Já está em R$ 72 bilhões. E ninguém sabe onde os gastos vão parar. Ninguém. Com exceção de São Paulo, Rio, Minas, Rio Grande do Sul e olhe lá...Pernambuco... Todas as outras sete arenas não terão o uso constante. E não havia nem a necessidade de serem construídas. Eu vi onze das doze... Estive em onze sedes da Copa e posso afirmar sem medo. Tem muita coisa errada. E de propósito para beneficiar poucas pessoas. Por que o Brasil teve de fazer 12 sedes e não oito como sempre acontecia nos outros países? Basta pensar. Quem se beneficia com tantas arenas construídas que servirão apenas para três jogos da Copa? É revoltante. Não há a mínima coerência na organização da Copa no Brasil”, diz inconformado.
O dinheiro público na construção do estádio do Corinthians (Itaquerão), que receberá a abertura da Copa do Mundo, é outro assunto que faz Romário pedir a indignação da população. O deputado não se conforma com o investimento público em obras particulares. “Não vou concordar nunca. Os incentivos públicos para um estádio particular são imorais. Seja de que clube for. De que cidade for. Não há meio de uma população consciente aceitar. Não deveria haver conversa de politico que convencesse a todos a aceitar. Por isso repito que falta compreensão à população do que está acontecendo no Brasil para a Copa”, alerta.
A relação entre o Brasil e a Fifa também foi abordada pelo deputado. Para Romário, a entidade máxima do futebol será altamente beneficiada com a realização do Mundial em 2014. “Infelizmente, tudo indica que sim. Vai lucrar de R$ 3 a R$ 4 bilhões e não vai colocar um tostão no Brasil. É revoltante. Deveria dar apenas 10% para ajudar na Educação. Iria fazer um bem absurdo ao Brasil. Mas cadê coragem de cobrar alguma coisa da Fifa. Ela vai colocar o preço mais baixo dos ingressos da Copa a R$ 240,00. Só porque estamos brigando pela manutenção da meia entrada. É uma palhaçada! As classes C, D e E não vão ver a Copa no estádio. O Mundial é para a elite. Não é para o brasileiro comum assistir”, afirmou.
O presidente do Comité Organizador Local da Copa (COL) e da CBF, Ricardo Teixeira, também não se safou. Romário acredita que os escândalos de corrupção envolvendo o dirigente não o creditam para estar à frente de tais cargos.
“O Ricardo Teixeira não tem condições morais de organizar a Copa. Não até provar que é inocente. Que não tem cabimento nenhuma das denúncias. Até lá, não tem condições morais de estar no comando de todo o processo. Muito menos do futebol brasileiro... A África apresentou há alguns meses atrás o resultado final da Copa do Mundo: deu prejuízo e grande. Agora é a vez do Brasil. Fifa, CBF, políticos e os empreiteiros vão ganhar muito dinheiro. Quem teve a ideia de promover, o evento em nosso país, alguém sabe?”, questionou.
OTEMPO
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