Pelo menos 27 policiais foram expulsos da PM este ano (até o dia 3 de abril). O número de expulsões aumentou 50%, quando comparado ao mesmo período de 2011
Com o rosto coberto pelo capacete, o assaltante entra no local onde é feito o pagamento aos garis do município de Croatá, a 355 quilômetros de Fortaleza. Na companhia de um outro homem armado, rouba cerca de R$ 12 mil. Tenta fugir de moto, mas acaba sendo preso em flagrante. Um tipo de assalto que tem se tornado comum, não fosse por um detalhe: o criminoso era um soldado da PM.
Ele acabou sendo expulso da Polícia após responder a processo administrativo.
O combate ao envolvimento de policiais com o crime é um desafio para a segurança pública. Somente este ano (até o dia 3 de abril), pelo menos 27 militares do Ceará foram expulsos da corporação - a média é de um a cada três dias. Comparando com o mesmo período do ano passado, quando 18 foram expulsos, o aumento foi de 50% no número de expulsões. O levantamento foi feito a partir de documentos oficiais a que O POVO teve acesso com exclusividade.
Os policiais punidos foram alvos de processos administrativos que apontaram o cometimento de transgressões disciplinares graves. A lista de crimes inclui homicídio, abuso sexual, tráfico de drogas, venda de armas, extorsão, roubo e envolvimento com quadrilhas organizadas. Também há casos de PMs expulsos por dormir na viatura, praticar racha com as Hilux e falsificar atestado médico para faltar ao trabalho.
Em todo o ano passado, foram expulsos 61 policiais, 23 a mais do que em 2010 - um acréscimo de 63%. “Aumentou muito. Está havendo um exagero. O comandante (da PM) quer ficar conhecido como o homem que mais expulsou policiais”, comenta o soldado Pedro Queiroz, presidente da Associação de Praças da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros do Ceará (Aspramece).
Para Pedro Queiroz, nem todos os casos de expulsão são justos. Ele cita o exemplo de um policial que foi demitido por ter faltado ao serviço durante a Operação Carnaval de 2011, para a qual havia se voluntariado. Escalado para trabalhar em Crateús, o soldado não compareceu ao local “mesmo tendo recebido as diárias de pousada e alimentação pelo deslocamento ao Interior”, informa o documento da PM. O policial não teria devolvido a quantia recebida. “Nesse caso, ele não cometeu um crime. Foi uma transgressão disciplinar”, argumenta Queiroz.
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