Brasileira fica em segundo lugar em prêmio de empreendedorismo da ONU

Uma multa por descarte inadequado do lixo levou a dentista Patrícia Paz a criar a primeira empresa certificada de incineração de resíduo hospitalar em Rondônia

Em 2007, a dentista Patrícia Paz levou uma multa da Prefeitura de Vilhena, em Rondônia, por não destinar adequadamente o lixo produzido em seu consultório, como substâncias químicas, seringas, luvas, gases e algodões usados. A infração deixou um prejuízo no bolso da gaúcha e uma ideia em sua cabeça, que virou empresa em 2009 e a levou nesta segunda-feira (23) a Doha, no Qatar, para receber um prêmio da Organização das Nações Unidas (ONU). 

Patrícia, de 40 anos, ficou em segundo lugar no Prêmio Empretec para Mulheres nos Negócios 2012, promovido pela ONU. A brasileira se destacou por criar a primeira empresa certificada de incineração de lixo hospitalar de Rondônia. A Moura e Paz Soluções coleta e trata resíduos perigosos de hospitais, consultórios e empresas de diversas cidades da região Norte do Brasil. A cerimônia de premiação em Doha reuniu as outras concorrentes, de Equador, El Salvador, Etiópia, Jordânia, Nigéria, Panamá, Uganda, Vietnã e Zimbábue. Cada uma das dez finalistas foi reconhecida pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) como empresária que faz diferença em seu país.

A tecnologia usada pela Moura e Paz está presente em hospitais na Bélgica e Suíça, e em grandes companhias alemãs. A empresa reduz os resíduos a 2% do volume recebido. As cinzas restantes são levadas para um aterro sanitário licenciado e a fumaça produzida passa por um lavador de gases, que elimina metais pesados e devolve para o meio ambiente o vapor da água.“Nenhuma empresa oferecia tratamento ambientalmente correto para esses resíduos”, afirma Patrícia. Dois anos depois, a dentista obteve um empréstimo, especializou-se em gestão, auditoria e perícia ambiental e, com a ajuda de um sócio e do marido, fundou a Moura e Paz, em Vilhena. “O começo foi difícil. Ficamos um ano sem clientes, mas jamais pensei em desistir”, diz. Depois dos primeiros contratos, assinados em uma cidade vizinha, o negócio começou a crescer e, hoje, a empresa atende a mais de 700 clientes em um raio de 1,5 mil quilômetros.

Em 2011, Patrícia venceu o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios. Hoje, ela volta para casa com reconhecimento internacional que deve abrir mais portas para o crescimento de sua empresa. A multa de 2007 deve render muito mais.

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