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segunda-feira, 28 de março de 2011

DISFUNÇÃO TÊMPORO-MANDIBULAR

Cuidado com dor de cabeça e formigamento



Estes são alguns dos sintomas da Disfunção Têmporo-Mandibular, doença que afeta principalmente as mulheres

Você pode não ter ouvido falar, mas um distúrbio de nome complicado e um pouco assustador, a Disfunção Têmporo-Mandibular (DTM), é mais comum do que se imagina. Este problema, descoberto no século 19 e ainda pouco conhecido, e que atinge todas idades, principalmente as mulheres entre 20 e 40 anos, pode ter alguma relação com 38% das dores de cabeça.

A DTM é o funcionamento anormal de diversas partes do rosto: a articulação temporo-mandibular (aquela que ajuda a fechar e abrir a boca), ligamentos, músculos da mastigação, dentes e estruturas de suporte dentário. Cerca de 70 %, em média, da população têm pelo menos um sintoma dessa disfunção, que são dores na nuca, nos ombros, cansaço, formigamento, irritação e também a nunca bem-vinda dor de cabeça.

'São sintomas que podem comprometer a função social do indivíduo por causa da irritabilidade e da falta de concentração causadas pelo distúrbio', afirma o dr. Leonardo Marchini, cirurgião-dentista formado pela Universidade do Estado de São Paulo - Unesp e professor de Desordem Crânio Mandibular (outro nome para a DTM), em entrevista ao Jornal de Brasília.

O especialista explica que a DTM é caracterizada quando se tem uma alteração muscular ou uma alteração nas articulações temporo-mandibulares (ATM), na região da tempora. A dor ocorre somente quando a alteração é no músculo. Existem três musculaturas que podem ser afetadas - a temporal, a massepia e a pterigodeo, esta última inserida dentro de um osso.

Por incrível que pareça, o que pode levar a pessoa a ter a alteração que causa dor é o uso excessivo dos músculos da boca. 'Assim como fazer esporte em excesso, usar os músculos da boca em demasia também pode levar a problemas', argumenta o Dr. Marchini.

As pessoas costumam exercitar em excesso os músculos faciais, em práticas comumente bobas e cotidianas, como roer unhas, mascar chicletes, apertar ou ranger os dentes habitualmente ou ficar mastigando objetos impróprios e nada higiênicos como canetas, lápis, tampas de plástico, antena de celular, haste de óculos, canudos de refrigerante etc.

A DTM, contudo, é causada por outros fatores, entre eles o encaixe impróprio dos dentes e má postura do corpo, como quando, por exemplo, a pessoa costuma segurar o telefone com o queixo. Acontece também da pessoa já ter alguma alteração muscular e só sentir dor em uma crise de estresse. Traumas físicos - como estar em uma batida de carro - também podem levar a pessoa a ter a disfunção.

Devido a todos esses fatores, a doença costuma ser estudada e tratada por diversos especialistas, como o médico clínico, neurologista, cirurgião buco-maxilo-facial, dentista clínico, médico fisiatra, fonoaudiólogo, psiquiatra e também o psicólogo.

Estalo é sinal do problema

Para diagnosticar o problema, existe um truque bem simples. 'Uma das maneiras mais claras de se ter um indício dessa disfunção é identificar o famoso barulho de estalo que a mandíbula faz ao abrir a boca', alerta o dr. Leonardo Marchini.

Segundo o especialista, identificado o barulho, é importante que a pessoa procure um profissional da área, mesmo que o estalo não signifique que a pessoa tenha, necessariamente, uma DTM. De qualquer forma, geralmente ela vem associada a uma dor física principalmente na cabeça.

A dor de cabeça, aliás, é um sintoma dos mais comuns da DTM. Sua intensidade pode variar. 'A região atingida fica muito sensível ao toque', explica o dr. Marchini.

Quando as pessoas têm dor de cabeça, a grande maioria não se preocupa em procurar um médico. Elas, contudo, devem ficar de sobreaviso. 'As pessoas acham isso normal, mas podem estar equivocadas. O problema pode não ser tão simples, e a dor, pode ser um sintoma da DTM', afirma o cirurgião-dentista. 'E neste caso não adianta tomar um remédio paliativo, porque não vai resolver a situação', complementa.

Outro erro freqüente é quando o paciente procura somente um neurologista ou um otorrino quando está com dor no ouvido. 'Também neste caso - diz o médico - a causa das dores pode ter sido a mandíbula', coloca.

Tratamentos diferenciados

Os tratamentos são diferentes para cada indivíduo portador do problema, dependendo da alteração do organismo. Quando a dor é de origem muscular ou articular, o paciente usa uma placa feita em resina acrílica para deixar a mandíbula mais aberta.

'Nos dois casos se usa a placa. Embora diferente para cada caso, o tratamento traz um alívio ao paciente', afirma o dr. Marchini. Quando a alte-ração é unicamente articular, a pessoa pode ainda usar antiinflamatórios.
Quando a causa do problema é a má postura do corpo, é importante que o paciente faça uma fisioterapia ou uma massagem. A correção postural, nesse caso, é a chave para a pessoa obter saúde e não precisar mais sofrer com os males da DTM.

Outros tratamentos envolvem a adequação das articulações e o reposicionamento da língua. É importante ainda que as pessoas não confundam a DTM com enxaqueca, problemas neurológicos, otite e dores de dente.

No geral, é preciso ter cuidado com a musculatura da boca para não ter DTM. Os excessos devem ser evitados. A consulta periódica ao dentista previne que o problema aumente. Apenas 5% das pessoas que apresentam sintomas procuram o tratamento certo. Estalos na mastigação, zumbidos no ouvido, rouquidão e nó na garganta são sintomas que pedem avaliação médica.

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