A Rússia proibiu nesta segunda-feira a importação de alguns tipos de vegetais comestíveis da Alemanha e da Espanha, incluindo pepinos e tomates, por causa de um surto de infecções provocado por uma variedade da bactéria Escheridia coli em partes da Europa.
A decisão russa foi anunciada após o pedido do governo alemão para que a população não coma pepinos até que os cientistas consigam identificar a origem da bactéria, que já matou 14 pessoas no país.Acredita-se que a fonte da infecção sejam pepinos contaminados que foram importados da Espanha e depois enviados da Alemanha para outros países europeus, mas isso ainda terá que ser confirmado por testes.
Cientistas suspeitam que pepinos, tomates e alface possam ter espalhado a bactéria, mas até agora apenas amostras de pepinos analisados em Hamburgo, na Alemanha, tiveram a contaminação constatada.
Até o momento, 1,2 mil casos confirmados ou suspeitos de infecções pela E. coli foram registrados na Alemanha, e centenas de pessoas também foram infectadas na Suécia, Dinamarca, Holanda e Grã-Bretanha.
Contaminação
Na maior parte dos casos, uma infecção gastrointestinal causada pela bactéria desencadeou a chamada Síndrome Hemolítico-Urêmica (SHU) nas pessoas contaminadas.
A síndrome leva a problemas nos rins e pode matar. A ocorrência de SHU nos pacientes surpreendeu os pesquisadores porque, normalmente, a doença afeta crianças com menos de cinco anos de idade.
Mas, no caso alemão, 90% dos pacientes são adultos e dois terços são mulheres, segundo o correspondente da BBC em Berlim Stephen Evans.
O Centro Europeu para a Prevenção e Controle de Doenças (ECDC, na sigla em inglês), com sede na Suécia, disse que o surto de SHU é “um dos maiores que já foram registrados no mundo e o maior já registrado na Alemanha”.
No caso da Alemanha, a doença parece estar sendo causada por uma variedade da E. coli que produz uma toxina específica que destrói hemácias (células vermelhas do sangue) e provoca insuficiência renal.
A E. coli se propaga principalmente pela comida, pela água contaminada ou pelo contado com animais doentes.
Os sintomas típicos da infecção pela bactéria são febre moderada e vômito. Em alguns casos, há diarreia com sangue nas fezes.
A maioria dos pacientes se recupera em cerca de sete dias, mas uma parcela deles pode desenvolver a Síndrome Hemolítico-Urêmica.
Nos casos mais severos, a síndrome provoca convulsões e problemas graves no sistema nervoso.
Especialistas alemães disseram que mais mortes deverão ocorrer na Alemanha, uma vez que 30 pessoas infectadas já perderam suas funções renais.
Teme-se também que aumente o número de casos de infecção pela bactéria, já que são necessários dez dias para que os sintomas apareçam.
Recolhendo produtos
Em meio ao pânico gerado pelo surto infeccioso, autoridades na República Tcheca, Áustria e França recolheram alguns pepinos espanhóis das lojas.
Síndrome Hemolítico Urêmica
- Ocorre normalmente quando uma variedade da bactéria E. coli contamina o sistema digestivo e produz um tipo específico de toxina
- A toxina afeta os glóbulos vermelhos e pode provocar falência renal
- Casos graves podem provocar a problemas no sistema nervoso
Oficiais tchecos disseram também que pepinos contaminados podem ter sido exportados para Hungria e Luxemburgo.
Até o momento, suspeita-se que pepinos orgânicos espanhóis exportados para outros países europeus pela Alemanha ou diretamente pela Espanha, tenham desencadeado o surto infeccioso.
Segundo um porta-voz da União Europeia (UE), duas fazendas espanholas identificadas como possíveis fontes do surto infeccioso foram fechadas e estão sob investigação.
Mas as autoridades espanholas disseram que a UE não deve se apressar em culpar os produtores da região.
"Você não pode atribuir a origem desta doença à Espanha", disse em Bruxelas Diego López Garrido, secretário de Estado da Espanha para Assuntos Europeus.
"Não há provas e é por isso que vamos exigir que aqueles que culparam a Espanha por essa questão respondam por seus atos."
A conselheira de agricultura e pesca da região da Andaluzia, no sul da Espanha, Clara Aguilera, disse que o pânico em relação aos pepinos espanhóis está prejudicando o setor agrário do país.
“Não sei por que é interessante para as pessoas ficarem contra a Espanha, contra a Andaluzia. Espero que não tenha a ver com interesses comerciais e que não continue. O dano provocado aqui é irreversível”, disse.
Na província de Almeria, no sudeste do país, plantações de pepinos estão sendo destruídas.
Fonte: BBC
ESG
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