Desde abril, os físicos estão discutindo a possibilidade de terem encontrado uma nova partícula. Ela foi descoberta no meio dos destroços de colisões próton-antipróton, em um acelerador de partículas.
A suposição foi feita com base na análise de oito anos de dados coletados pelo experimento do laboratório especializado em física de partículas Fermilab, nos EUA, que analisava colisões que produziam um bóson W, partícula com força nuclear fraca, juntamente com dois jatos de quarks.
Uma colisão suspeita mostrou um aumento inesperado no número desses eventos, agrupados em torno de 145 GeV, o que sugere que eles estão sendo produzidos por uma partícula não identificada de mesma massa.
Segundo os físicos, na mesma hora ficou claro que a partícula em jogo não é prevista pelo modelo padrão da física, a principal teoria sobre como as partículas e as forças interagem. Para aumentar o mistério, também claramente não era um bóson de Higgs, a partícula mais procurada pelos físicos, que supostamente dá massa a outras partículas.
Ainda assim, os físicos não comemoraram, pois os resultados não eram totalmente convincentes para justificar uma verdadeira descoberta. Com “três sigma”, havia uma chance em mil de que essa fosse apenas uma casualidade estatística; as evidências eram boas o suficiente, mas ainda longe do padrão-ouro de cinco sigma para ser uma verdadeira descoberta.
Agora, a equipe analisou quase o dobro da quantidade de dados nas quais o primeiro resultado foi baseado, e ele não foi embora. O sinal só ficou mais forte. Ele é declaradamente um 4,8 sigma, tentadoramente perto da certeza do cinco sigma.
Agora que há apenas uma chance em um milhão do resultado ser falso, só há duas opções: ou é o resultado de um efeito que ninguém tinha pensado ainda, ou é uma partícula real.
A equipe do laboratório está trabalhando duro para tentar descobrir qual das opções é verdadeira. Uma verificação independente será feita também por outros físicos, que tem dados próprios para corroborar ou lançar dúvidas sobre a existência da partícula. Resultados são esperados nas próximas semanas.
E se a partícula for mesmo real, o que ela é? Essa é a pergunta que vale um milhão.
Os teóricos já estão fazendo suas apostas. Alguns dizem que é uma partícula conhecida como “Z-prime” (em inglês), um transportador hipotético de uma nova força semelhante à força eletrofraca. Entretanto, teria que ser uma versão inusitada de uma Z-prime para não ter sido descoberta antes no maior acelerador de partículas do mundo, o Grande Colisor de Hádrons.
Outros dizem que pode ser um sinal da supersimetria, uma teoria popular que resolve alguns problemas intrigantes na física e postula que cada partícula tem um “parceiro”. A colisão do Fermilab poderia ser pares de “squarks” ou “selétrons”, parceiros supersimétricos de quarks e elétrons.
Outros ainda acreditam que é uma “tecnipion”, partícula que aparece em uma teoria conhecida como tecnicolor, que postula uma nova força que é semelhante à força nuclear forte, mas opera com energias muito maiores.
Qual dessas – será que uma dessas – é a teoria verdadeira, só o tempo vai dizer.
ESG
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