O empresário Silvio Santos, ao ser questionado na Polícia Federal sobre a fraude que desmantelou o Banco Panamericano, declarou: “Por uma dedução lógica, não é possível que Rafael (Palladino) não tenha sido o autor intelectual. Rafael é o camarada que faz ‘porque é assim que eu quero’. O craque é o Rafael. Por impressão, o Rafael é o intelectual”.
Quando a PF o indagou se era de seu conhecimento que o advogado Luiz Augusto Teixeira de Carvalho Bruno — ex-diretor jurídico do Panamericano — “sacava valores em espécie do banco e guardava no porta malas do carro”, Silvio se declarou “indignado de saber desse fato, pois se trata de uma prática de um verdadeiro gângster”.
“(Bruno) era advogado do Panamericano e muito amigo do Palladino”, disse Silvio. “As pessoas se referiam ao Bruno como o advogado do Rafael, e não o advogado do banco. Bruno seria um dos autores intelectuais, é um cara sabido, todo mundo diz que o Bruno é um cara vivo.”
Silvio, registrado Senor Abravanel, brasileiro, nascido aos 12 de dezembro de 1930, natural do Rio de Janeiro, segundo grau completo, profissão empresário, foi à Polícia Federal desacompanhado de advogados.
Silvio Santos, em entrevista no dia em que vendeu o Panamericano para o BTG: empresário afirma não saber dos saques feitos na instituição
(Foto: LEONARDO SOARES/AE – 31/1/2011)
Preferiu prestar contas sozinho sobre o estouro do Panamericano, ele e o delegado da PF que conduz o inquérito, Milton Fornazari Júnior, da Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros (Delefin).
Depoimento
Silvio depôs no dia 5. Seu relato preenche 7 páginas. Assumiu o compromisso de comunicar à PF eventual mudança de endereço, comercial ou residencial, nos termos do artigo 224 do Código de Processo Penal.
Ao longo da audiência, na sede da PF em São Paulo, ele exibiu simpatia, amabilidade e sua marca tradicional, o sorriso. Mas, em alguns momentos, alegou “surpresa” ou reagiu com “indignação” ao ser informado sobre os caminhos da trama bilionária que levou sua instituição financeira à bancarrota.
Palladino, a quem Silvio atribui papel de “autor intelectual” da fraude, foi presidente do banco que pertenceu ao grupo do empresário e apresentador de TV — Palladino foi seu braço direito por 20 anos.
Descobertas
O depoimento revela passo a passo a linha de investigação e as descobertas da PF no curso de um ano de investigação. Todo o rol de perguntas a Silvio mostra como grandes importâncias saíram do caixa do Panamericano e migraram para supostas empresas de fachada.
Segundo a PF, 12 personagens sob investigação realizaram 38 transferências que totalizaram R$ 76,92 milhões, entre 2008 e 2010. Para duas empresas controladas por Palladino, Max Control Assessoria e Investimentos e Max Control Evento e Promoção, foram repassados R$ 19,88 milhões, aponta a PF. “Nunca soube disso”, afirmou Silvio.
fonte: Jornal Folha da Tarde
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