Literatura de Cordel – Autor: Antonio Romário de Souza Braga
Pentecoste – Ce /Publicada em setembro de 2006
Esse mês encerra-se o prazo de filiação nos partidos políticos para quem quer ainda se candidatar para vereadores e prefeitos para o pleito de 2012. Tudo ou quase tudo já foi dito sobre o que o povo precisa entender o que é um verdadeiro candidato a político partidário. Diante disso, sendo o momento bastante oportuno, não custa nada postar em nosso Blog , essa pérola de “Literatura de Cordel” de nosso querido poeta pentecostense.
Oh, Deus todo poderoso
Conduza bem minha mão,
Que o tema deste folheto
Não me traga confusão,
Não quero só fazer crítica,
Quero falar da política
E um pouco da eleição.
Contra a falta de vergonha
Que domina a sociedade,
Escrevi este livrinho
Sem um pingo de maldade
Me desculpe os bons políticos,
Principalmente os críticos
Residentes na cidade.
Primeiro o meu pensamento
Fez uma reflexão,
Pois pra falar em política
Pode dar confusão,
É mala dos deputados,
Políticos afortunados
E a história do mensalão.
Mas quando chega a campanha
Tudo começa a mudar,
O político vai tão sonso
Em casa, nos visitar,
Fingindo ser pobretão,
Come rapadura e feijão
Tentando nos enrolar.
Pois esse mesmo político
Buscando se eleger,
Vai logo na sua casa
Tomar café com prazer,
Mas depois de ter ganhado,
Compra um avião zerado
E nunca mais quer lhe ver.
Político na eleição é
Pior que raposa em caça,
Diz para o seu eleitor:
“Te dou um presente massa!”
Abre a porta do bagageiro,
Pergunta o pobre: É dinheiro ?,
“É minha foto achando graça !”
Quando lhe ver na cidade
Corre para lhe abraçar,
E pergunta bem baixinho:
“ Em quem você vai votar ?”
Quero deixar entendido
Se o seu voto for vendido
Depois não pode cobrar.
Outro dia no inferno
Foi imensa a confusão,
Pois encontraram um político
Escondido no salão,
Lhe perguntaram: o que quer ?
Com medo correu lucifer
E tudo quanto era cão.
Foi tanto diabo correndo,
Houve a pior cachorrada,
Nem mesmo o inferno quer
Político que não vale nada,
Inda quis se manifestar,
Mas o expulsaram do lugar
Com cacete e com pedrada.
O mesmo chegou no céu
E bateu lá na janela
São Pedro ainda acordado,
Assistia uma novela,
Estava só de calção
E veio abrir o portão
Pensando numa donzela.
São Pedro disse irritado:
“ Estou perdendo o jornal ! “
Lá de dentro perguntou:
“ O que queres marginal ? “
“ Se veio bater carteira
Saia daquí na carreira,
Se não você se dá mal !
Naquele instante São Pedro
Quase morria de horror,
Quando ouviu do cabra a ficha
Ali no computador,
Soube de sua maldade,
Da falta de piedade,
Iludindo o eleitor.
São Pedro disse: Bandido
Tu agora está lascado,
Aqui na mansão celeste
Político não é liberado ! “
Depois disse :
“ credo em cruz ! “
E foi perguntar a Jesus
Se expulsava o desgraçado.
O povo sofre e padece,
É grande a esculhambação,
O servidor passa fome,
É imensa a precisão,
Digo aos adolescentes
Que só faltam os incoerentes
Agora elegerem o cão.
O sujeito analfabeto
Que quer se candidatar,
Paga mico no palanque,
Não sabe nem se expressar,
Quando vai falar com o povo:
“ Minha gente to só com um ovo
E preciso me arrumar “.
A sua conta no banco
É de um tamanho de um trem,
Dono de várias fazendas
E vários carros também,
O partido em reunião,
Se gritar: pega ladrão !
Talvez não fique ninguém.
O político entrou na igreja,
Disse a velha: “ O cão é aquele ?
Vou começar a rezar,
Que já tô com medo dele!
Peço Deus proteção,
Se aquilo não for o cão
Veio mandado por êle !”
Político quando ver bêbado,
Convida para ir ao bar,
E o tolo depois de beber
Inda se põe a falar:
“ Me trouxe pro botequim,
Pagou uma terça pra mim,
É nele que vou votar !”
Político vil e ladrão,
Nesse mundo tem demais,
Diz que vai fazer uma cousa
Termina o tempo e não faz,
Não quero perder a amizade,
Tem político na verdade
Que é cópia do satanás.
A gente tem que se unir
E fazer uma passeata
Contra um bando de ladrão
Que usa terno e gravata,
Fazer uma revolução
Contra a tal corrupção
Neles descer a chibata.
No dia da eleição
Não cometa fatalidade,
So vote então no político
Que tenha sinceridade,
Pense bem, vote sem medo,
Pois na ponta de seu dedo
Está o futuro da cidade.
Político depois que ganha
De na se aperreia,
Pois durante o seu mandato
Vive de barriga cheia,
Passa o dia e não faz nada,
Só sentado na bancada
Falando da vida alheia.
O político sem caráter
Do povão arrocha o nó,
Passa a semana bebendo,
Sábado e domingo é forró,
Só vive no cabaré,
Com uma quenga relé
Torra a grana sem ter dó.
Mas tem também o político
Que a língua é sem tramela,
Pois um olho é na cozinha,
E o outro é na janela,
Esquece sua obrigação,
Só assiste televisa
E é doido por novela
Político quando é evangélico,
No comício faz pregação
Usa a palavra de Deus,
Pra ver se ganha a eleição,
Lobo em pele de cordeiro,
Depois que pega o dinheiro
Entrega a alma pro cão.
O político quando é bêbado,
Não consigo nem falar,
A cachaça é no seu bolso,
Fede mais que um gambá,
Anda todo desarrumado,
Com uma quenga do lado
E muita besta a bajular.
O político pobretão,
Este passa de safado,
Por não ter nada na vida,
Vive ali necessitado
Faz campanha em uma rural,
Mas quando pega no Real
Compra um carrão importado.
Dizem que numa eleição
Veio o cão participar,
Usando terno e gravata,
Sorria pra disfarçar,
Foi candidato a prefeito,
Por pouco não foi eleito
Para o povo incendiar.
Eu coloco este exemplo
Pra melhor esclarecer,
A grande corrupção
Que podemos combater,
Favor não fique zangado,
Mas o povo que é culpado
Por não saber escolher.
Aqui vou me despedindo
Agradeço de coração,
Se cometí algum vacilo
De Deus eu peço perdão
Sem nenhum atrevimento,
Busquei a todo momento
Abrir os olhos da Nação.
A Deus que é pai de bondade
Humildemente agradeço,
Não quero ser premiado,
Pois eu sei que não mereço,
Grave bem no coração
Que depôs da eleição
O eleitor cai de preço
fonte: Livreto Literatura de Cordel/Publicado em 2006/Autor/Antonio Romário de Souza Braga
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