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terça-feira, 29 de novembro de 2011

Escola que já foi a maior do Ceará anuncia falência pelo Facebook

Voltado para a classe C, o Evolutivo chegou a ter cerca de 20 mil alunos no início da década de 2000, em seu auge

A Organização Educacional Evolutivo vai encerrar as atividades ao final do ano letivo de 2011. O anúncio de que o maior grupo educacional do Ceará por muitos anos está fechando as portas foi feito pelo diretor da instituição George da Justa Feijão pelo Facebook. O Evolutivo se junta ao tradicional Colégio Marista Cearense entre os 2262 colégios particulares que faliram no Ceará em dez anos.



Foto: Daniel Aderaldo/iG
Colégio Evolutivo: "Hoje é um dia muito triste para mim, pois tomei a decisão difícil de encerrar a Era Evolutivo", diz diretor
“Hoje é um dia muito triste para mim, pois tomei a decisão difícil de encerrar a Era Evolutivo. O Evolutivo não abrirá mais matrículas em 2012. Obrigado a todos que confiaram a educação dos seus filhos a minha escola. Foram mais de 120 mil alunos que estudaram com o professor/ diretor George. Foram mais de 10 mil estudantes que estudaram com bolsas integrais dadas por mim”, escreveu o diretor da rede social. A escola teve várias marcas: Positivo, Positivest/ Phd e Evolutivo – nome com qual alcançou posição de destaque a partir do final da década de 1990.
No início dos anos 2000, o Evolutivo balançou o mercado educacional fortalezense com uma política agressiva de abatimentos nas mensalidades e adoção de material didático de produção própria. Outras instituições consolidadas no Centro e na periferia da cidade ou foram incorporadas pelo Evolutivo ou acabaram indo à falência. Com isso, a escola chegou a ter cerca de 20 mil alunos em seis unidades, mas atualmente já não conseguia manter sequer sua primeira sede, localizada no centro.
O Evolutivo está fechando as portas com 2,3 mil alunos matriculados e 120 funcionários - números considerados grandes para os padrões do mercado do ensino particular no Estado. Contudo, diante do alto índice de inadimplência, a escola já vinha trabalhando no prejuízo há pelo menos cinco anos. “O Evolutivo era grande e isso fez a gente suportar um longo tempo”, disse à reportagem do iG Feijão.
Hoje, a educação se tornou um negócio para conglomerados, pois exige um aporte de capital muito grande. Eu sou um educador”, afirmou Feijão
O grupo tinha uma receita mensal prevista de R$ 400 mil, mas as contas já não estavam fechando, a ponto de o prédio ter a energia elétrica cortada no último mês, segundo o diretor. “Nos últimos anos nós vínhamos funcionamos mal. Não fizemos uma escola para isso. Chegou a hora de parar”, sentenciou.
“Hoje, a educação se tornou um negócio para conglomerados, pois exige um aporte de capital muito grande. Eu sou um educador”, afirmou Feijão. Para ele, a tendência é que esse mercado em Fortaleza seja “inteiramente elitizado”.
Concorrência
O Censo Escolar de 2010 realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) mostra que o Ceará tem 2,4 milhões alunos matriculados no ensino básico. Apenas 412 mil deles estão na rede privada. Em um Estado pobre, o crescimento do número de instituições particulares acabou esgotando o mercado, já que a oferta de vagas não encontrou demanda.
De acordo com dados do sindicato do setor, atualmente existem 1500 escolas particulares de ensino básico em Fortaleza e 800 no interior. Micro e pequenas empresas correspondem a 95% desse total. Apenas 5% são consideras empresas de porte médio. As maiores têm entre cinco e seis mil alunos e cobram mensalidade de até R$ 1 mil. Em 2010, o índice de inadimplência entre as escolas particulares de Fortaleza foi de 15%.

IG

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