Como os consumidores querem o item mais moderno pelo menor preço e, fatalmente, ele será ultrapassado por outra tecnologia em pouco tempo, uma alternativa adotada pelos fabricantes é não criar um bem com uma grande vida útil. Sendo assim, empresas precisam de se preocupar cada vez mais com a inovação para driblar a concorrência, já o consumidor, por sua vez, quer sempre o que é mais moderno e busca os últimos lançamentos para se destacar. E quando não há abusos por parte das empresas, segundo Machado, não há o que recriminar. “Temos uma visão errada de que tudo o que dura mais é melhor. Associa-se qualidade a durabilidade, e isso não é correto”, explica ele. “Deve-se respeitar o tempo em que o produto será útil. As coisas vão ficando antigas e sendo superadas”, explica ele que diz que há itens que precisam ser substituídos de tempos em tempos. “Uma coisa que era considerada duradoura antigamente, hoje é obsoleta e ultrapassada. Não adianta fazer uma geladeira para durar 50 anos”, afirma.

Reprodução / Baixaki
E quando os abusos acontecem? Alguns itens antes muito caros hoje são extremamente populares. Os celulares por exemplo, raramente são levados pelo consumidor para fazer algum reparo. “Um conserto geralmente não vale a pena se comparado ao valor de um aparelho novo”, reforça Machado. Para popularizar determinados itens, é preciso baixar assustadoramente o preço de custo, o que acaba diminuindo a qualidade dos produtos. “Vivemos na sociedade que valoriza preço. Um exemplo disso são os produtos chineses. Todo mundo sabe que são coisas descartáveis, mas fazem o maior sucesso aqui no Brasil devido ao preço baixo”, explica o professor.
Outro problema no que diz respeito ao consumo desenfreado de eletroeletrônicos é o descarte dos produtos que ficam obsoletos. Quem costuma trocar esses produtos de tempos em tempos geralmente é consumido pela dúvida de onde descartar os itens antigos. Baterias de celulares, por exemplo, não podem ser colocadas em lixo comum. Para quem tem dúvidas de como saber para onde levar esses aparelhos, seguem algumas dicas:
- Em nenhum caso jogue o seu equipamento no lixo. Eles são grandes contaminadores.
- Procure o fabricante ou uma revenda autorizada para se informar sobre pontos de coleta daquele material.
- Caso seja um aparelho ainda em funcionamento, tente procurar alguém que possa recebê-lo como doação ou até mesmo comprá-lo.
- Procure uma loja que faça conserto daqueles produtos e ofereça-o para remoção de peças para possível reaproveitamento.
Ultrapassados
Não é só uso constante que aposenta os aparelhos. Os avanços tecnológicos e as novas necessidades de consumo também são grandes vilões na hora de tornar algo obsoleto. Um iPad e um iPhone por exemplo têm uma vida útil estimada em três anos pelo fabricante, porém, atualizações de hardware e software podem reduzir esse tempo para menos da metade.
Esse processo é muito perceptível entre os usuários de smartphones com o sistema Android. A cada novo lançamento da Google, vários aplicativos param de funcionar devido à falta de compatibilidade. Grande parte dos fabricantes não tem interesse em produzir programas para plataformas mais antigas e alguns abandonam o suporte. O aparelho Galaxy 5, da Samsung, no Brasil, aguarda há cerca de um ano a atualização do sistema. Apesar de prometido pela empresa, até a presente data, nada de atualização disponível no Samsung Kies (programa da empresa para atualizações). Em um caso recente, a Nokia anunciou a descontinuidade do sistema Symbia. Esse fato motivou o analista de sistemas Clayton Bras a trocar de celular. “O sistema não recebia mais atualizações e tinha poucos aplicativos”, desabafa. Casos como esse, não são novidade. Algumas empresas simplesmente decidem descontinuar determinados aparelhos por questões mercadológicas. Quem se lembra dos primeiros smartphones com Windows Mobile sabe bem o que é isso. A Microsoft aposentou o sistema operacional em detrimento do Window Phone 7.
Outro fator que também contribui, são as novas necessidades dos consumidores. O mercado precisa vender produtos para se sustentar. Consequentemente, induz as pessoas a desejarem novos produtos. Uma frase de Steve Jobs (1955-2011) ilustra bem esse pensamento “As pessoas não sabem o que querem até você mostrar a elas”, disse o ex-líder da Apple.
Quem tem celular há pelo menos dez anos, se lembra dos primeiros aparelhos sem câmera, bluetooh e rádio. O máximo que tinham era um joguinho ou outro. Com o passar do tempo, os aparelhos foram incrementados. Sedutores e cheios de aparatos, eles acabaram virando sonho de consumo de muita gente. O celular, que a priore, foi inventado apenas para comunicação telefônica, passou a trazer várias funções. Toda essa sedução criada pelos fabricantes, foi acompanhada pelas empresas de telefonia. Aos poucos, tecnologias como TDMA foram substituídas pelo GSM. Quem pagou o preço da conta foi o consumidor, que teve que adquirir celulares com chip. O mesmo processo acontece sutilmente com os televisores. Aos poucos, as TVs que não recebem o sinal digital estão virando objetos de museu.
Relembre alguns produtos que fizeram muito sucessos quando lançados, mas acabaram ficando obsoletos:
BIP / Pager - O primeiro chamava-se Eurosignal, da empresa alemã Bosch, inventado em 1976.
Ficou obsoleto após o celular.
Vídeo Cassete - Lançado pela JVC, foi lançado em 1976. Caiu em desuso após a chegada do DVD.
Televisão preto e branco - Surgiu em 1923 e foi ultrapassada pela TV em cores, na década de 1950.
Toca-discos (LP) e toca-fitas - Foram trazidos ao Brasil em 1964. Ficaram obsoletos após a chegada e popularização dos CDS.
Fax - O escocês Alexander Bain, que registrou uma patente em 1843. Após a popularização da internet e do scanner, perdeu sua utilidade, mas ainda é utilizado em alguns locais.
Máquina de escrever - O primeiro modelo de máquina de escrever que realmente funcionou só apareceu em 1867. Após a popularização dos computadores, as pessoas abandonaram a máquina.
Polaroid - A câmera instantânea revolucionou o mundo da fotografia quando dispensou o processo de revelação das imagens. A primeira câmera surgiu em 1972 e a última versão foi lançada em 1982, Foi ultrapassada pelas câmeras digitais.
OTEMPO
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