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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Adesivo de nicotina não ajuda pessoas a deixarem de fumar

Nova York, EUA. Os adesivos e chicletes de nicotina, utilizados por milhões de fumantes para largar o vício, não têm efeitos duradouros e o tiro pode sair pela culatra. Isso é o que revela um estudo sobre as terapias de substituição de nicotina para largar o hábito do tabagismo. 

A pesquisa, lançada este mês, acompanhou cerca de 2.000 pacientes durante quatro anos. Os estudiosos passaram a observar o grupo de fumantes para verificar se a substituição da nicotina afetaria realmente suas chances de desistir do hábito com o passar de anos. As conclusões dos pesquisadores foi surpreendente: as chances de largar o vício de vez são as mesmas com ou sem os adesivos e chicletes. 

Além disso, enquetes recentes revelam que os produtos de nicotina vendidos em farmácias e supermercados beneficiaram pouco os usuários - seja os que usaram como parte de um programa contra o fumo ou por conta própria.

Dessa forma, as conclusões geram discussões sobre a validade das terapias de substituição da nicotina. "Esperávamos um resultado muito diferente", afirma Gregory N. Connolly, diretor do Centro de Controle Global de tabaco em Harvard, e coautor do estudo. "Eu mesmo liderei um centro de tratamento durante anos, e nós investimos cerca de seis milhões de dólares em serviços de tratamento", comenta. 

Para alguns médicos que tratam de pacientes fumantes, o resultado não foi surpreendente, uma vez que os pacientes usam tais medicamentos por conta própria, sem orientação. "A condescendência do paciente é muito importante", afirma Richard Hurt, diretor do centro de dependência em nicotina da Mayo Clinic, que não esteve envolvida no estudo. 

Para Hurt, produtos como o chiclete e o adesivo de nicotina são "absolutamente essenciais, mas é preciso usá-los nas doses e combinações corretas, que atendam à necessidade de cada paciente". O médico afirma que a automedicação pode acabar prejudicando o processo de desligamento do vício. 

Por outro lado, pesquisas médicas classificaram esses produtos como eficazes, pois tornam a vida dos fumantes mais fácil quando decidem de deixar o hábito, ao menos a curto prazo.
Estudos mais antigos - que aprovam a utilização das terapias - foram adotados como base para a construção de políticas públicas contra o tabagismo em diversos países.

Nos Estados Unidos, o mercado de substituição de nicotina decolou nos últimos anos, tendo a receita aumentada de US$ 129 milhões, em 1991, para mais de US$ 800 milhões, em 2007.

Traduzido por Luiza Andrade.

PESQUISAS
Método é questionado nos EUA
Nova York. Os produtos para substituir a nicotina têm gerado controvérsia desde 2002. Na época, pesquisadores da Universidade da Califórnia concluíram benefício nulo referente a esse tipo de 
terapia. Esses resultados foram obtidos em outras pesquisas norte-americanas.

Em um estudo conduzido em 2005 e 2006, no Estado do Massachussetts, os pesquisadores acompanharam 1.916 jovens adultos, sendo alguns com o hábito de fumar e outros que o tinham largado recentemente. Os estudiosos questionaram os voluntários sobre o uso do chiclete e do adesivo de nicotina, além de seus períodos de abstinência. (BC/NYT)

Deslizes são muito comuns
Nova York. Durante o estudo lançado este mês, nos Estados Unidos, cerca de um terço das pessoas que tentaram parar de fumar tiveram deslizes. As terapias substitutivas de nicotina não fizeram diferença, mesmo as seguidas durante as seis semanas recomendadas ou com orientação médica. Os fumantes que consomem um ou mais maços de cigarro por dia, que usaram a substituição do composto sem supervisão, tiveram duas vezes mais chances de cometer deslizes que aqueles que a não usaram. (BC/NYT)
FOTO: STOCKXPERTS
Estudo avaliou pacientes de 76 anos com o distúrbio mental
CONTRAPONTO
Terapias favorecem a memória

Nova York. Mesmo com pesquisas apontando o lado negativo dos adesivos de nicotina, um estudo norte-americano afirma que o uso contínuo desses métodos durante seis meses pode ajudar a melhorar a atenção, a memória e o processamento mental.

Pesquisadores da Universidade de Vanderbilt, em Nashvile, no Estado do Tennesse, nos Estados Unidos, selecionaram 67 voluntários – entre homens e mulheres –, não fumantes e com média de idade de 76 anos. Eles eram portadores do comprometimento cognitivo leve (CCL), distúrbio que envolve um declínio na acuidade mental, mas não é severo o suficiente para ser diagnosticado como demência. Geralmente, a condição aparece como precursora de outra doença mais grave.

Assim, os voluntários foram instruídos a utilizar o adesivo de nicotina ou um placebo (sem efeito real). Durante os seis meses de uso do adesivo, os participantes foram submetidos a diversos testes de habilidade mental, humor e comportamento.

Aqueles que usaram o verdadeiro adesivo de nicotina demonstraram melhoras nos tempos de reação, na atenção e na memória de longa data, além de melhoras mais modestas na memória curta. Nos indivíduos que utilizaram o placebo, os desempenhos nos testes revelaram uma piora com o passar dos meses. 

O pesquisador Paul A. Newhouse, principal autor do estudo, afirma que há indícios fortes de que as células nervosas que regulam a atenção tenham receptores de nicotina.

Entretanto, segundo o estudioso, a amostragem da pesquisa foi pequena e não há informações sobre o acompanhamento dos pacientes após os seis meses do estudo. Isso significa que não se sabe se o adesivo, no final das contas, pode exercer um efeito negativo no organismo dos pacientes. 

Newhouse enfatiza ainda que não é recomendável a utilização de adesivos de nicotina para melhorar a memória. 

(Nicholas Bakalar/ The New York Times)

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