O descontentamento dos peemedebistas com a divisão de cargos no governo pode trazer um racha entre PT e PMDB
Brasília. As alianças para a disputa municipal deste ano ainda estão em fase inicial de negociação, mas já é possível sentir o clima pesado entre os partidos da base governista. E tudo indica que a queda de braço travada na última semana pelo líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), com o governo, por conta a demissão do diretor-geral do Departamento Nacional de Obras Contra Seca (Dnocs), poderá afastar ainda mais peemedebistas e petistas.
De acordo com levantamento preliminar feito pelo presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), por enquanto, só há previsão de aliança entre seu partido e o PT em duas das 27 capitais do País: São Luís e Rio de Janeiro.
"Em São Luís, nosso candidato desistiu da disputa e há uma perspectiva de nos aliarmos ao PT. No Rio, onde a aliança já existia e seria natural o apoio do PT à reeleição do prefeito Eduardo Paes, estamos tendo problemas", confirma Raupp.
A aliança entre o PT e PMDB no Rio, de fato, não é nada amistosa e vem sofrendo resistências de setores de ambos os partidos. Apesar do empenho do governador Sérgio Cabral para manter a união das duas legendas em favor da reeleição do peemedebista Paes, o deputado Alessandro Molon (PT-RJ) chegou a convocar um protesto no mês passado contra essa aliança.
A relação entre as duas legendas azedou ainda mais depois que o presidente estadual do PMDB, Jorge Picciani, sinalizou que seu partido poderia não apoiar algumas candidaturas petistas no estado, como a do secretário estadual Roberto Neves, em Niterói.
A postura de Picciani provocou fortes reações entre os petistas, que lembram que o partido já se comprometeu a apoiar candidatos do PMDB em pelo menos 25 municípios do estado do Rio de Janeiro. "Estamos colocando o PMDB como aliado e eles estão nos tratando como inimigos", desabafa o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).
Temer quer Chalita
Em São Paulo, a situação é ainda pior. O PT considera estratégico para o partido a eleição do ex-ministro da Educação Fernando Haddad na capital paulista. O PMDB, por sua vez, resiste à pressão petista para que abra mão da candidatura própria. O vice-presidente, Michel Temer, já decretou que não há hipótese de o deputado Gabriel Chalita sair da disputa. Diante desse quadro, o PT começou a investir numa possível aliança com o PSD do prefeito Gilberto Kassab.
Correndo por fora, os tucanos estão com prévias marcadas para o início de março, mas ainda não desistiram por completo de convencer o ex-governador José Serra a disputar a prefeitura paulista nas eleições deste ano, o que praticamente inviabilizaria a aliança dos petistas com Kassab - o atual prefeito já admitiu que só apoiaria o candidato do PSDB se ele for Serra.
Em Fortaleza, Michel Temer teria dito que, dependendo dos resultados das pesquisas encomendadas pelo PMDB sobre uma candidatura do partido à prefeitura, o Diretório Nacional da legenda deverá anunciar um candidato próprio para a sucessão da petista Luizianne Lins. A informação é do deputado federal Danilo Forte (PMDB-CE), que disse ter discutido a candidatura do partido esta semana com o vice-presidente.
Crise em parcerias
O descontentamento dos peemedebistas com a dança de cadeiras deflagrada por Dilma no segundo escalão do governo deve contaminar as parcerias nas eleições municipais deste ano.
"Claro que vai agravar (a convivência dos dois partidos)", admite o atual vice-presidente Caixa Econômica Federal, o peemedebista Geddel Vieira Lima, que já elegeu o PT do governador Jaques Wagner como principal adversário na Bahia.
O PSDB, por sua vez, pretende tirar proveito deste clima beligerante na base governista e mira o PSB do governador pernambucano Eduardo Campos como um de seus aliados preferenciais. Os tucanos esperam que os socialistas se afastem definitivamente do PT em 2014. Em dois dos principais redutos eleitorais do PSDB, Minas e Paraná, os tucanos já decidiram abrir mão de lançar candidato próprio nas capitais para apoiar o PSB.
Em Belo Horizonte, os tucanos deverão apoiar a reeleição do prefeito Márcio Lacerda, mas exigem uma aliança formal. Em 2008, o PSDB participou de maneira informal por exigência do PT, que deverá compor mais uma vez a chapa de Lacerda.
Em Curitiba, o governador tucano Beto Richa enfrentou as resistências internas do partido e promete apoiar a reeleição do prefeito Luciano Ducci (PSB), que assumiu a prefeitura quando ele, Richa, se elegeu para o governo do estado.
fonte: DN
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