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domingo, 29 de janeiro de 2012

Prédio tem risco de desabamento


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FOTO: RAFA ELEUTÉRIO
Um laudo pericial apontou as precárias condições do edifício, que ainda funciona
O Corpo de Bombeiros alerta para o aumento dos riscos com a chegada das chuvas e a falta de manutenção
Avistando ao longe, o prédio, situado na Avenida Oliveira Paiva, nº 376, em frente à delegacia da Cidade dos Funcionários, até parece bem seguro. Entretanto, um olhar mais atento mostra uma série de infiltrações, rachaduras e risco de desabamento.

Abrigando, atualmente, oito famílias locatárias na parte de trás, uma loja de gesso no térreo e pontos comerciais no segundo piso, a construção foi vistoriada pelo Corpo de Bombeiros e reprovada. O laudo apontou as precárias condições, mas, o residencial, continua funcionando, não foi embargado. Parece uma bomba-relógio prestes a explodir.

Esse caso, no entanto, não é isolado. Em várias partes da cidade há obras irregulares, ´esqueletos´ de patrimônios abandonados, casebres, fábricas, sítios que o tempo fez questão de agir. Trazem perigos, ameaçam os que moram ao lado.

Nesse recorte, o Centro é apresentado como o bairro que mais preocupa. Recente mapeamento da Defesa Civil Municipal aponta cerca de 100 construções em estado de alerta. Dezenas de fachadas e marquises foram monitoradas, em 2011, na região central, na tentativa de prevenir os desabamentos. A vistoria, no entanto, segundo os gestores, é pontual, só na frente da obra e não nas estruturas internas. Devido ao fato de que esse trabalho é executado apenas quando o proprietário solicita à Defesa Civil de Fortaleza.

Ameaça
A tragédia vivida no Rio de Janeiro, no último dia 25, com o desmoronamento de três prédios comerciais serve como alerta para as condições de segurança nas edificações de Fortaleza.

Sem vistorias frequentes e manutenção no patrimônio, a população fica vulnerável e qualquer simples palacete antigo, por exemplo, pode virar um perigoso e ameaçador vizinho.

A ameaça atinge também o bairro da Cidade dos Funcionários. Responsável pela visita ao prédio localizado na Avenida Oliveira Paiva, o major Wagner Alves Maia, chefe do setor de engenharia do Corpo de Bombeiros do Ceará, se diz preocupado com a falta de cuidados nas construções da Capital.

"Se não fosse uma denúncia anônima, a gente não ia ter conhecimento dos riscos que os moradores estão sofrendo", afirma.

No relatório de vistoria, o major pede comunicação imediata à Defesa Civil Municipal por mais atenção ao local. Informa que a estrutura não apresenta segurança e o motivo maior seria uma caixa d´ água bem danificada. A denúncia feita por um morador que pediu para não ser identificado foi levada também ao Ministério Público do Ceará (MP-CE), comunicando à Promotoria de Meio Ambiente os riscos de desabamento e danos à população. A questão foi parar na Defesa Civil Municipal que já foi oficiada.

Entretanto, conforme o órgão do município, a demanda, feita com pedido de urgência, ainda não foi atendida, mas já segue, segundo nota, incluída na programação das vistorias e logo seria analisada pelos técnicos.

Medo
Nesse ínterim, moradores e vizinhos seguem temerosos. O vigia de um residencial vizinho à loja de gesso, José Barbosa, fala que a problemática com a caixa d´ água e os vazamentos já são motivos de reclamação há muito tempo. "Existem muitas casas aqui perto. Pense na tragédia se esse local desaba? Não quero nem imaginar. Só vão agir depois que quantos morrerem?", indaga, apontando para as falhas nas paredes, declives e infiltrações.

Tentando acalmar os ânimos, um funcionário da loja no térreo, Misael Duarte, informa que já estão sendo realizadas obras de reparos na estrutura a fim de aumentar a segurança. "Ficaram com medo quando o Corpo de Bombeiros veio aqui", relata.

Para o engenheiro e major dos Bombeiros Wagner Alves, nessa época, com o aumento das chuvas, cresce a vulnerabilidade das construções. A água se acumula em vários pontos. "Uma dica é observar as movimentações das rachaduras. Se forem crescentes é sinal de perigo".

Para o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará (Crea-CE), Victor Frota, o problema maior é a falta de legislação sobre as vistorias, dando frequência às visitas. "Uma minuta com o que seria necessário para formular a legislação já está preparada. Precisamos de uma lei que obrigue a inspeção para conservação das edificações, principalmente as mais antigas".

IVNA GIRÃOREPÓRTER/DN

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