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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Morte de Mainha ainda é misteriosa

Mainha tornou-se um dos mais famosos pistoleiros do Nordeste. Seu assassinato até hoje não foi esclarecido

Um ano depois da morte do pistoleiro Idelfonso Maia Cunha, apontado pelas autoridades como o maior matador de aluguel que o Nordeste brasileiro conheceu, o caso segue em completo mistério. Até hoje, a Polícia Civil cearense não conseguiu desvendar o mistério em torno do crime e apontar quem mandou e quem executou ´Mainha´.

O pistoleiro foi assassinado na tarde do dia 4 de janeiro de 2011, na cidade de Maranguape, na Região Metropolitana de Fortaleza. Assim como foi a principal característica dos vários crimes de mortes a ele atribuídos, o Mainha sofreu uma emboscada. Não teve chance de se defender e tombou de seu cavalo, depois de atingido com nove tiros de pistola calibre Ponto 40 (arma de uso privativo da Polícia).

Nos meses seguinte ao crime, a Polícia Civil mergulhou em sinuosas investigações, até chegar à conclusão de que o crime teria sido praticado a partir de uma espécie de ´rateio da morte´, isto é, inimigos comuns do pistoleiro uniram-se para eliminá-lo, arrecadando dinheiro e contratando os matadores, conforme o Diário do Nordeste revelou em reportagem exclusiva publicada no dia 6 de junho do ano passado, fato que teve muita repercussão.

Mesmo diante de pistas, identificação de suspeitos e até prisão dos acusados (por conta de outros fatos), as autoridades não elucidaram o caso.

Um inquérito foi instaurado, a princípio, pela Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Depois, foi transferido para a Delegacia Metropolitana de Maranguape (DMM). Contudo, voltou à DHPP por determinação da Delegacia Geral. Agora, está parado.

Em entrevista, por telefone, na tarde da última quarta-feira, o delegado de Maranguape, William Cordeiro, confirmou ter devolvido os autos à DHPP.

"Aqui (em Maranguape) não temos condições de investigar um crime tão complexo como este", disse Cordeiro.

No dia seguinte, a Reportagem tentou contato com o diretor da DHPP, delegado Rodrigues Júnior, mas este alegou estar em reunião e não retornou o contato para falar do caso, apesar de informado do assunto.

As suspeitas sobre a morte do pistoleiro indicam a suposta participação de outro matador de aluguel. Trata-se de Manuel Carneiro Neto, o ´Manuel Preto´, que teria se aliado, ainda, a um policial militar envolvido em diversos crimes de morte e temido no Vale do Jaguaribe. Trata-se do sargento Antônio Matias Neto, conhecido na cidade de Jaguaretama e cidades próximas como sargento Matias.

Além deles, outro suspeito do caso é o jovem Francisco Telsângenes Diógenes, o ´Téo´, filho do ex-prefeito do Município de Pereiro (a 330Km de Fortaleza). ´Téo´ teve prisão preventiva decretada pela Justiça em janeiro do ano passado, acusado de ter assassinado o próprio pai, insatisfeito por ter ficado de fora de uma herança milionária. O crime ocorreu na manhã do dia 31 de dezembro de 2009. Mainha era amigo pessoal de Mardônio Diógenes, pois o irmão deste, Chiquinho Diógenes, fora seu patrão e protetor.

Já o sargento PM Matias está recolhido no Presídio Militar, nesta Capital. Ele foi preso em flagrante no dia 10 de janeiro de 2010 logo após ter praticado um duplo assassinato no Município de Jaguaretama, quando fuzilou os irmãos Adão Ferreira (ex-vereador de Jaguaretama) e Salomão Ferreira. As vítimas eram amigas de Mainha e o crime deixou o pistoleiro revoltado.

Interesses
O pistoleiro ´Manuel Preto´, aliado do sargento Matias, está preso desde o dia 15 de junho do ano passado, quando também foi capturado após cometer mais um crime de aluguel. Em troca de R$ 3,5 mil, ele assassinou o comerciante Tibério Bezerra de Oliveira, 54, dono de uma pizzaria no distrito de Itapebussu, em Maranguape.

Mesmo diante de indícios, pistas, identificação de suspeitos e até quebra de sigilo telefônico, a investigação sobre a morte do pistoleiro Mainha não avançou.

PROTAGONISTA

Os suspeitos do crime
O pistoleiro Manuel Carneiro Neto, o ´Manuel Preto´, é apontado como suspeito do crime. Ele está preso desde o ano passado, quando praticou mais um assassinato de aluguel. Executou um comerciante em Maranguape, mesmo Município onde Mainha foi assassinado meses antes.

Francisco Telsângenes Diógenes, o ´Téo´, é acusado de ter assassinado o próprio pai, o ex-prefeito do Município de Pereiro, Mardônio Diógenes, em dezembro de 2009. Mardônio era amigo pessoal de Mainha. A morte do político abalou profundamente o pistoleiro e o tornou inimigo de ´Téo´.

FERNANDO RIBEIRO
EDITOR DE POLÍCIA

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