Os clichês de Bial, o excesso de ações de merchandising e o narcisismo dos participantes fazem do reality show um dos programas mais irritantes da TV
A 12ª edição do Big Brother Brasil chega ao fim nesta quinta-feira. Além da definição do novo milionário coroado pelo programa, a final traz também o alívio para muitos telespectadores que não fazem a mínima questão de "dar aquela espiadinha". São muitos os motivos que inspiram a formação de um grupo que não torce para nenhum participante, mas sim para que o BBB acabe mais cedo do que o previsto.
Os discursos indecifráveis de Pedro Bial somados às ações excessivas de merchandising e os gritos de "uhuu", que dominam o programa, são apenas alguns dos elementos que fazem parte da longa lista de motivos para odiar o BBB. Outras explicações são a hegemonia das mulheres siliconadas e as personalidades narcisistas que povoam a casa.
Nesta edição, das oito mulheres confinadas, cinco ostentaram seios siliconados. A comissão de frente avantajada, além de chamar ainda mais atenção para as moças em seus biquínis, aumenta as chances de receber um cachê gordo para posar numa revista masculina após a eliminação.
O BBB acumula, a cada edição, atrações musicais piores do que as outras. Numa tentativa de animar a casa, esta edição teve apresentações de Luan Santana e Michel Teló. Os confinados não escaparam do efeito devastador das músicas e passaram dias repetindo refrãos como Ei, Psiu! Beijo me Liga e Ai, Se Eu Te Pego.
Entra e sai edição, mas em todas elas o tal do rebolado está sempre presente. Ele demora para aparecer, mas basta a primeira festa acontecer para as mulheres o colocarem em prática.
Brindes, comemoração, festas. Muitas são as ocasiões, mas o modo de expressar a euforia é sempre o mesmo. Basta um brother começar com o grunhido que é seguido por todos os demais. O comportamento transporta os moradores da casa montada no Projac diretamente para a era dos homens da caverna.
É quase uma incoerência. A direção do Big Brother Brasil tem como pré-requisito, na escolha dos participantes, que as pessoas estejam mais interessadas em aparecer do que em pensar. Apesar disso, escala um apresentador interessado em exibir sua erudição e sapiência diante das câmeras. A tentativa de Bial de promover algum tipo de reflexão ao citar frases de escritores e filósofos nunca dá certo. Confinados e público quase sempre terminam de olhos arregalados, como se tivessem diante de um discurso chinês. Melhor seria incluir no kit confinamento exemplares do Guia Prático Para Entender o que Pedro Bial Quer Dizer.
Almejar ser participante de um reality show é o mesmo que ter um desejo intenso de aparecer. O elenco do Big Brother Brasil reúne a nata evolutiva dessa espécie narcisista e viciada em seu reflexo no espelho. O fato de a casa cenográfica ser coberta de espelhos, que escondem as câmeras, permite que os participantes deem máxima vazão a esse impulso. Isso explica fenômenos como as manhãs em que Laisa já acordava com a corda toda e dançava com o traseiro empinado em direção às câmeras. Ou, então, os momentos em que muitos se entretêm sozinhos, em discussões consigo mesmos.
As ações de merchandising na TV nunca são sutis, mas quando realizadas no Big Brother Brasilassumem proporções irritantes. As provas são criadas mais para mostrar as marcas dos anunciantes do que para testar os participantes. Disso resultam situações embaraçosas, como uma prova em que os 16 participantes foram obrigados a se enfiar dentro de um carro.
Os brothers até tentam esboçar um ar de surpresa ao dar de cara com a apresentadora Ana Maria Braga no jardim do confinamento, mas a visita é tão inesperada quanto os discursos enigmáticos de Pedro Bial a cada eliminação. Como o programa Mais Você é exibido de manhã, a brincadeira é sempre a mesma. Ela entra na casa e solta seu indefectível bordão: “Acorda, menina!”
A desculpa é sempre a mesma, a tal da falta de afinidade. Para não criticar os desafetos no confessionário, e talvez atrair a antipatia do público, os brothers abusam da cordialidade na hora de mandar alguém para o paredão. A recusa em apontar os defeitos dos outros transforma o jogo em algo monótono.
Uma vez ex-BBB, para sempre ex-BBB. A cada ano o Big Brother Brasil despeja nas ruas do Rio de Janeiro uma quantidade de subcelebridades muito maior do que o mercado de publicidade e participação em festas é capaz de absorver. O resultado são pessoas em crise de abstinência que fazem qualquer negócio para voltar a ser o centro das atenções.
fonte: Veja
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