Antônio Rodrigues olha para a cova onde, oficialmente, está enterrado. (Foto: Thiago Meireles/TV Verdes Mares)
Mas o enterro foi um engano. Antônio Rodrigues trabalhava como caixeiro viajante, ou galego, o famoso vendedor de porta em porta. Por causa da profissão, a família pouco sabia por onde ele andava. Numa dessas viagens, ele estava em Tejuçuoca, no Norte do estado, quando a família recebeu a notícia de que o corpo de alguém parecido com ele havia sido encontrado em Maranguape, na Região Metropolitana de Fortaleza.
A ex-mulher dele foi ao Instituto Médico Legal (IML) e reconheceu o corpo como sendo o do ex-marido. Houve o velório, o enterro e, um dia depois, ele reapareceu. “Uma pessoa que passa 20 anos com a pessoa e não reconhece o corpo”, questiona Antônio. A ex-mulher de Antônio Rodrigues, Lurdirene dos Santos Freitas, disse que só reconheceu o corpo porque toda a família de Antônio, inclusive as irmãs dele, afirmavam que o corpo era do ex-marido.
O enterro teve até testemunhas. Quer melhor que o próprio coveiro? “O corpo chegou, a gente colocou na capela que tem aqui no cemitério. E eu vim cavar aqui para poder enterrar”, relata o coveiro, José Vieira da Silva Filho.
Não existe
Por conta do engano, Antônio Rodrigues, formalmente, não existe. O advogado da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil Secção Ceará (OAB-CE) explica como ele pode resolver o impasse. “Ele pode entrar na Vara de Registros Públicos, na capital ou na vara cível mesmo em Canindé, requerendo a anulação dessa certidão de óbito”, disse.
De acordo com Férrer, deve ser feito também pelo Ministério Público uma apuração de quem fez o ato criminoso, assim como o vendedor autônomo pode entrar com uma ação de indenização contra as pessoas responsáveis, inclusive o cartório.
Comentários em Canindé
Assim como Antônio, nas ruas de Canindé muitos não entendem como a mulher reconheceu o corpo errado. “Eu acho que dava para reconhecer né? Não dava pra ter tanto engano assim, não”, opina a auxiliar de escritório Maria Ramos Cruz. Antônio Rodrigues pode até desfazer o engano, mas em Canindé todos querem saber: Quem será esta pessoa que está enterrada aqui agora?”
Fonte: Globo
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