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quarta-feira, 21 de março de 2012

A polícia do Estado australiano de Nova Gales do Sul pode suspender o uso da arma de eletrochoque

Policial usando arma 'taser'

A polícia do Estado australiano de Nova Gales do Sul pode suspender o uso da arma de eletrochoque taser após a morte do estudante brasileiro Roberto Laudísio Curti, de 21 anos, no último domingo.
Em meio à polêmica instaurada na sociedade australiana e o debate lançado pela imprensa local, o uso do armamento foi colocado em dúvida e um pedido para que a polícia pare de usar o taser deve ser feito por diferentes grupos.
A comissão mista de controle de armas, o Partido Verde de Nova Gales do Sul e representantes dos direito civis devem solicitar a interrupção do uso da arma pelo menos até que as investigações da comissão independente criada pelo governo esclareçam se a morte do brasileiro foi provocada pela arma que provoca paralisia.
De acordo com uma fonte da polícia, a necropsia no corpo do estudante já foi feita e os laudos devem ser divulgados nas próximas horas.

Inquérito

As investigações sobre a morte do brasileiro estão sendo feitas pelo Departamento de Homicídios da polícia local, mas uma comissão independente criada pelo governo australiano para acompanhar o caso também começou a trabalhar nesta quarta-feira.
"A proposta do uso do taser é a proteção da vida num caso de violência iminente, mas ele pode estar sendo usado em situações erradas pelos policiais e isso terá que ser revisto", disse o porta-voz da comissão, Bruce Barbour.
Segundo ele a polícia está apurando o caso e a comissão acompanhará com muita atenção os desdobramentos do inquérito.

Dúvidas

Calçada onde brasileiro foi morto
Estudante brasileiro foi morto em calçada na rua Pitt, em Sydney, em frente a uma cafeteria
De acordo com o cônsul do Brasil em Sydney, André Costa, que está acompanhando as investigações e prestando auxílio à família do estudante, a polícia de Sydney ainda está sem respostas para algumas dúvidas que cercam o caso.
Entre elas estão as razões pelas quais as gravações da câmera de segurança da loja de conveniência onde, supostamente, o brasileiro teria furtado um pacote de biscoitos – episódio que deu início à ação policial - ainda não foram divulgadas.
Elas podem comprovar se Laudísio Curti teria realmente sido o responsável pelo furto.
Segundo relatos, a descrição do ladrão não corresponderia à descrição de Roberto.
O suspeito pelo roubo estaria sem camisa. Já Roberto, quando foi cercado pelos policiais, estava usando camisa.
Uma outra dúvida apontada pelo cônsul é sobre a quantidade de disparos feitos pelas armas taser. Segundo testemunhas, o brasileiro sido atingido mais três vezes mesmo após já estar caído no chão e gritando por socorro.

Família

O tio de Roberto, o empresário João Eduardo Laudísio, que chegou a Sydney na noite desta terça-feira, disse não acreditar que o sobrinho tenha entrado na loja para roubar um pacote de biscoitos, já que ele tinha dinheiro suficiente e era um rapaz com uma conduta exemplar.
Segundo os amigos, Beto, como era tratado pela família, era um rapaz alegre e extrovertido que jamais pegaria um pacote de biscoito sem pagar.
O estudante estava na Austrália desde o ano passado para visitar a irmã e o cunhado e fazer um curso de inglês numa escola de Bondi Junction, um bairro no sul da cidade.
Na terça-feira, o governo brasileiro emitiu um comunicado no qual “deplora a notícia da morte de cidadão brasileiro em circunstâncias ainda não esclarecidas (...)".

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