O número é quase o dobro do registrado em igual mês de 2011, mas ainda está abaixo da taxa geral
São Paulo. Os sucessivos recordes na venda de veículos no país tiveram reflexo na inadimplência do setor. Em fevereiro, a taxa, considerando atrasos acima de 90 dias, chegou a 5,52% da carteira de crédito para pessoa física, o maior patamar da série do Banco Central, iniciada em 2000.
"Os dados confirmam a preocupação que já existia, principalmente pelo fato de que não houve uma reversão na tendência das curvas de inadimplência e nem mesmo sinalização de estabilização", diz o presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), Décio Carbonari.
O número, que engloba unidades novas e usadas, é quase o dobro do registrado no mesmo mês do ano passado (2,80%), mas ainda está abaixo da taxa de inadimplência geral (7,59%).
Vendas já são afetadas
O presidente da Federação Nacional dos Distribuidores de Veículos Automotores (Fenabrave), Flávio Meneghetti, afirma que a elevada taxa já está afetando as vendas de carros de entrada, de menor valor, e o mercado de usados.
"O filtro dos bancos está mais severo. Crédito em 60 meses sem entrada praticamente desapareceu, e esse é um canal extremamente importante de vendas", acrescenta.
Em fevereiro, o emplacamento de veículos novos recuou 9% no confronto com igual período em 2011 e 7% ante janeiro, de acordo com a Associação Nacional dos Veículos Automotores (Anfavea).
Na opinião de Meneghetti, a taxa reflete principalmente empréstimos concedidos em 2010 e em 2011 e deve começar a recuar no final deste semestre.
Renegociação da dívida
Para o professor do Centro de Estudos Automotivos (CEA), Paulo Roberto Garbossa, em breve deve haver uma redução no índice. "As empresas estão tentando renegociar a dívida. Quem quer perder o cliente?"
Carbonari concorda que a contribuição das instituições financeiras "passa por um acordo de reescalonamento de pagamentos para quem já é cliente e se encontra em dificuldade financeira", além de ajustes na política de crédito "para prevenir novas operações com potenciais clientes cujos perfis sejam parecidos com aqueles que estão inadimplentes".
Para Garbossa, aquele consumidor que comprou o primeiro carro e acabou dimensionando mal o gasto mensal com o novo bem ajudou a elevar a inadimplência.
Além da prestação, lembra Garbossa, há despesas com manutençãoe combustível, por exemplo, que acabam abalando os planos do consumidor.
Por enquanto, o nível recorde não provocou uma alta nos juros. A taxa anual ficou em 26,99% em fevereiro, abaixo daquela no mesmo mês do ano anterior (27,34%).
OPINIÃO
Bancos devem ficar mais seletivos
Realmente a taxa de inadimplência em um patamar acima de 5% é elevada, mas não chega a ser tão preocupante. Como rede de concessionária a nossa preocupação é por um crédito mais seletivo.
Se a inadimplência continuar daqui para frente, naturalmente haverá uma diminuição no volume de carros financiados. Portanto, de agora em diante, com esse cenário, acredito que as análises para concessão de crédito feitas por parte dos bancos passem a ser mais rigorosas.
Na realidade os dois primeiros meses do ano é um período no qual as pessoas estão com maior volume de despesas (matrícula escolar, pagamento de impostos e contas feitas no fim do ano).
A partir de março, acreditamos que deva surgir um cenário de maior recuperação.
Fernando Ponte
Presidente da Fenabrave/CE
São Paulo. Os sucessivos recordes na venda de veículos no país tiveram reflexo na inadimplência do setor. Em fevereiro, a taxa, considerando atrasos acima de 90 dias, chegou a 5,52% da carteira de crédito para pessoa física, o maior patamar da série do Banco Central, iniciada em 2000.
"Os dados confirmam a preocupação que já existia, principalmente pelo fato de que não houve uma reversão na tendência das curvas de inadimplência e nem mesmo sinalização de estabilização", diz o presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), Décio Carbonari.
O número, que engloba unidades novas e usadas, é quase o dobro do registrado no mesmo mês do ano passado (2,80%), mas ainda está abaixo da taxa de inadimplência geral (7,59%).
Vendas já são afetadas
O presidente da Federação Nacional dos Distribuidores de Veículos Automotores (Fenabrave), Flávio Meneghetti, afirma que a elevada taxa já está afetando as vendas de carros de entrada, de menor valor, e o mercado de usados.
"O filtro dos bancos está mais severo. Crédito em 60 meses sem entrada praticamente desapareceu, e esse é um canal extremamente importante de vendas", acrescenta.
Em fevereiro, o emplacamento de veículos novos recuou 9% no confronto com igual período em 2011 e 7% ante janeiro, de acordo com a Associação Nacional dos Veículos Automotores (Anfavea).
Na opinião de Meneghetti, a taxa reflete principalmente empréstimos concedidos em 2010 e em 2011 e deve começar a recuar no final deste semestre.
Renegociação da dívida
Para o professor do Centro de Estudos Automotivos (CEA), Paulo Roberto Garbossa, em breve deve haver uma redução no índice. "As empresas estão tentando renegociar a dívida. Quem quer perder o cliente?"
Carbonari concorda que a contribuição das instituições financeiras "passa por um acordo de reescalonamento de pagamentos para quem já é cliente e se encontra em dificuldade financeira", além de ajustes na política de crédito "para prevenir novas operações com potenciais clientes cujos perfis sejam parecidos com aqueles que estão inadimplentes".
Para Garbossa, aquele consumidor que comprou o primeiro carro e acabou dimensionando mal o gasto mensal com o novo bem ajudou a elevar a inadimplência.
Além da prestação, lembra Garbossa, há despesas com manutençãoe combustível, por exemplo, que acabam abalando os planos do consumidor.
Por enquanto, o nível recorde não provocou uma alta nos juros. A taxa anual ficou em 26,99% em fevereiro, abaixo daquela no mesmo mês do ano anterior (27,34%).
OPINIÃO
Bancos devem ficar mais seletivos
Realmente a taxa de inadimplência em um patamar acima de 5% é elevada, mas não chega a ser tão preocupante. Como rede de concessionária a nossa preocupação é por um crédito mais seletivo.
Se a inadimplência continuar daqui para frente, naturalmente haverá uma diminuição no volume de carros financiados. Portanto, de agora em diante, com esse cenário, acredito que as análises para concessão de crédito feitas por parte dos bancos passem a ser mais rigorosas.
Na realidade os dois primeiros meses do ano é um período no qual as pessoas estão com maior volume de despesas (matrícula escolar, pagamento de impostos e contas feitas no fim do ano).
A partir de março, acreditamos que deva surgir um cenário de maior recuperação.
Fernando Ponte
Presidente da Fenabrave/CE
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