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quinta-feira, 19 de abril de 2012

Com doença degenerativa, ator Guilherme Karan vive em completo isolamento

Há alguns meses, Guilherme Karan vive em completo isolamento. Desde sua participação na novela “América”, em 2005, o ator de 54 anos não pôde dar continuidade em sua carreira, tampouco sair de casa, em razão de uma doença degenerativa raríssima chamada Machado-Joseph.

A síndrome neurológica hereditária costuma dar seus primeiros sinais a partir dos 35 anos e compromete funções cerebrais: a mãe e um dos irmãos do ator morreram do mesmo mal. “Ele está numa
cadeira de rodas, muito deprimido, não quer falar com ninguém, e alterna momentos de lucidez”, disse o pai de Guilherme, Alfredo Karan, por meio de seu secretário particular.
Guilherme Karan | Foto: Divulgação
Guilherme Karan | Foto: Divulgação
Sem cura, a anomalia compromete também a deglutição, mas não prejudica a inteligência ou memória. “Ele não assiste televisão para não se lembrar do passado”, acrescenta Alfredo, que lhe presta total assistência como o acompanhamento diário de enfermeiros e sessões de fisioterapia – o único momento em que o ator entra em contato com o mundo externo.

Em entrevista,  o ator Eri Johnsson,  que trabalhou com Karan na novela “O Clone” (2001), disse que nunca mais teve notícias de Guilherme. “Ele se afastou completamente e pelo que eu soube, prefere não receber visitas ou ver as pessoas.”

A doença

Os portadores da síndrome Machado-Joseph já nascem com a doença, mas os primeiros sintomas demoram, em média, 35 anos para aparecer. Foi o que ocorreu com o ator Guilherme Karan. Por este motivo, avaliam os especialistas, a doença passou indetectável nos anos em que Karan interpretou variados papéis – quase todos cômicos – em séries como TV Pirata e novelas da Globo como América, O Clone e Hilda Furacão.

Segundo o neurologista do Hospital 9 de Julho, Antonio Cezar Ribeiro Galvão, após os primeiros sinais se manifestarem, a síndrome compromete lentamente todas as funções cerebrais. Entretanto, a parte cognitiva, responsável pela inteligência e pela memória, é preservada.

“Diferentemente do Alzheimer, a síndrome não acarreta demência”, explica o médico. “Mas quase todas as outras funções cerebrais são afetadas. O cerebelo, parte responsável pelo equilíbrio, é o primeiro a ficar alterado”, acrescenta. Quedas, tonturas e dor de cabeça intensa são indícios da manifestação da doença, que é genética, ainda não tem cura ou tratamento corretivo.

Os movimentos dos braços e pernas também ficam comprometidos (por isso uma parte significativa dos portadores acaba na cadeira de rodas). Espasmos, músculos enrijecidos e dificuldades na fala são as outras sequelas da síndrome.

Seis em cada dez portadores, segundo uma pesquisa publicada em 2010 no Arquivo Brasileiro de Gastroenterologia, perdem a capacidade de engolir líquidos e alimentos sólidos. Engasgos, tosses e machucados na boca fazem com que os pacientes aspirem muita secreção e, por este motivo, as pneumonias são frequentes e a principal causa de morte em quem tem Machado-Joseph.

Com informações da repórter Fernanda Aranda, do IG

O DIA

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