Informe brasileiro cita 27 casos de crimes contra a imprensa
Cádiz, Espanha. Dos cinco assassinatos de jornalistas ocorridos nos últimos seis meses, três estão relacionados ao exercício profissional, informa o relatório do Brasil apresentado, ontem, na reunião da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP).
Segundo o documento, o dado "não corrobora" a informação do Itamaraty de que a maioria dos casos de homicídios de jornalistas não tem ligação com a atividade.
A afirmação do Ministério das Relações Exteriores foi em resposta a uma consulta da Associação Nacional de Jornais (ANJ) sobre as razões que levaram o Brasil a votar contra a aprovação imediata da resolução da Unesco que garante mais segurança a profissionais de imprensa do mundo todo.
O Itamaraty diz não ser contra o plano, mas se opôs à aprovação do texto sem que houvesse contribuições dos países. Cuba, Venezuela, Índia e Paquistão também não assinaram a resolução.
Crimes. O informe brasileiro citou ainda 27 casos de crimes contra a imprensa, como agressões, ameaças e vandalismo. As reiteradas censuras judiciais foram outro destaque do relatório apresentado pelo representante do Brasil no encontro de Cádiz, na Espanha, Paulo de Tarso Nogueira, consultor do jornal O Estado de S.Paulo e integrante da Comissão de Liberdade de Imprensa e Expressão da SIP.
Ele destacou que a morosidade da Justiça não apenas contribui para a impunidade nos casos de ataques à imprensa como prolonga a censura, por causa da demora no julgamento dos recursos.
Em relação ao Judiciário, o relatório brasileiro citou a reação do presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, Ivan Sartori, à série de reportagens sobre os altos salários de magistrados. Sartori ameaçou jornalistas de processo.
A Reunião de Meio de Ano da SIP reúne 250 profissionais de 25 países. O encontro, que teve início anteontem e vai até amanhã, faz menção especial aos 200 anos da Constituição espanhola, que inovou com a garantia da liberdade de expressão.
Cobertura
Cuba. A perseguição aos opositores do regime dos irmãos Raúl e Fidel Castro, antes e depois da visita do papa Bento XVI, no mês passado, foi o tema central do relatório de Cuba, apresentado no encontro na Espanha.
fonte: O Tempo
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