A cantora Angela Maria, 84, não gravava há oito anos. Tinha decidido parar de cantar. Andava meio desanimada. Convencida pelo produtor Thiago Marques Luiz e pelo marido, Daniel D’Angelo, Ângela aceitou o convite da gravadora Lua Music para voltar aos discos e lançou, no começo deste ano, o CD Eu voltei.
O título do álbum foi inspirado na letra da música “O portão”, de Roberto e Erasmo Carlos. Ângela tem usado os versos eu voltei/agora é pra ficar/porque aqui, aqui é o meu como símbolo dessa ‘volta’.
Mas, por incrível que pareça, a cantora, que brilhou na era do rádio, influenciou nomes como Elis Regina e Gal Costa e até a década de 80 era apontada como a melhor cantora do Brasil por meio de pesquisas do Ibope, ainda não tinha um DVD. Aliás, há no mercado um DVD originário de um programa que Ângela fez para a TV Globo. Mas faltava uma produção pensada com um registro de seus grandes sucessos.
O equívoco foi corrigido neste final de semana. Os shows que Angela fez no Teatro Fecap, em São Paulo, foram gravados e vão virar um DVD e um especial para o Canal Brasil. Estrela da canção popular, que tem direção de Mauricio Valim, vai reunir trechos do show, apresentações antigas de Angela na televisão e depoimentos de amigos e companheiros de trabalho. Há possibilidade do trabalho ser exibido nos cinemas.
Embora não apresente mais a mesma virtuosidade do passado, Ângela ainda encanta o público. Acompanha por um competente quinteto, foi muito aplaudida ao cantar sucessos como “Gente Humilde”, “Escuta”, “Lábios de mel” e “Não tenho você”. Nas mais populares, como “Cinderela”, “Falhaste coração” e “Garota solitária”, ganhou coro animado da plateia.
O companheiro de inúmeros shows e discos, Cauby Peixoto, fez participação especial no show. Subiu ao palco acompanhado do violonista Ronaldo Rayol e cantou “Abandono” para homenagear a amiga. Juntos, a dupla fez “Se queres saber”. Cauby ainda voltou no bis para cantar junto com Angela “Ave Maria do Morro”
Outro detalhe que surpreende a todos: Angela não lê qualquer letra de música (hábito muito comum atualmente entre os artistas). Tem tudo decorado. Até mesmo as gravadas recentemente, como o caso de “O portão” e “Esse cara” (Caetano Veloso). A cantora também não tem a ordem das músicas escritas no palco. É a banda começar a tocar e lá está ela, no tom, com a letra na ponta da língua.
Foto: Gil Rocha/Divulgação via Revista Época
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