Em teoria, praticar esportes faz bem para todo mundo. Contudo, um grupo de renomados pesquisadores norte-americanos afirma que o exercício, na realidade, pode fazer mal para uma parcela pequena da população.
Ao analisar dados de seis estudos rigorosos sobre a prática de atividades físicas – que envolveram 1.687 pessoas –, o grupo de cientistas descobriu que cerca de 10% das pessoas apresentaram piora em pelo menos uma das medidas relacionadas a doenças do coração (pressão sanguínea, níveis de insulina, colesterol HDL ou triglicérides), em vez de melhoras, como o resto do grupo de sujeitos estudados. Cerca de 7% apresentaram pioras em pelo menos duas dessas medidas.
O resultado é surpreendente, mas os pesquisadores ainda não sabem dizer o porquê da questão. “É muito estranho”, afirma Claude Bouchard, principal autor do estudo. Agora, a preocupação são as possíveis consequências desse resultado. “Há muitas pessoas que sempre buscam desculpa para não fazerem exercícios”, afirma William Haskell, professor emérito de medicina no Centro de Pesquisas de Prevenção da Universidade de Stanford. “Isso pode ser uma bela desculpa para dizerem ‘bem, eu devo fazer parte desses 10%”’.
Positivo
Contrabalançando os 10% que apresentaram pioras nas condições de saúde, cerca de outros 10% tiveram uma resposta exageradamente positiva em pelo menos uma das medidas. Outros tiveram respostas que variavam entre mudanças pequenas, mudança nenhuma e mudanças grandes – relatadas em cerca de 10% dos participantes, em que os fatores de risco tiveram uma melhora de 20% a 50%.
“Essa é a notícia boa”, afirma William E. Kraus, coautor do estudo e professor de medicina e diretor de pesquisas clínicas da Universidade de Duke, no Estado da Carolina do Norte, nos EUA. O professor foi membro da comissão de acadêmicos que recomenda 150 minutos semanais de exercícios físicos.
Segundo os pesquisadores, o problema de estudos sobre exercício e saúde é que eles geralmente medem indicadores como pressão sanguínea e níveis de insulina. Contudo, não acompanham as pessoas durante tempo suficiente para verificar melhoras significativas na queda do risco de ataques cardíacos e prolongamento da vida. Em vez disso, os pesquisadores deduzem que as mudanças sempre são positivas – algo que nem sempre é verdade.
É preciso fazer testes e avaliações regulares
Para os autores do estudo, as pessoas devem continuar se exercitando como anteriormente. Contudo, é preciso fazer exames de risco cardíaco regularmente. “Não sabemos ainda se a implementação de programas de exercício para pessoas sedentárias pode assegurar a queda no risco cardíaco”, afirma Michael Lauer, do Instituto do Coração norte-americano. “Os pesquisadores frequentemente questionam o quão válidas são as recomendações, já que são inteiramente baseadas em evidências pouco concretas”, diz.
Para William Kraus, coautor do estudo, não há intervenções que funcionem para todos. Dessa forma, com os exercícios não é diferente. “Sou a favor do exercício. Acredito que ele faz bem para a saúde. Prefiro que todas as pessoas pratiquem exercícios. Entretanto, não posso ignorar esses dados”, afirma. Para o cientista, mesmo que as pessoas não se beneficiem completamente dos exercícios, quando se trata de riscos cardíacos, elas ainda podem ter melhoras nas funções físicas.
Dicas para um exercício seguro
Antes de entrar numa academia, é preciso primeiramente fazer um ‘check-up’ médico para se evitar problemas graves, principalmente se você tem mais de 40 anos. Conheça os exames mais pedidos:
Exame clínico
No consultório, o médico mede pressão arterial, altura e peso para avaliar o risco de doenças cardiovasculares
Hemograma
Orienta sobre diabetes e alterações das taxas de colesterol e triglicérides, entre outras
Eletrocardiograma
Verifica problemas do coração, como arritmias, bloqueios ou sobrecargas. Ajuda a prevenir infartos.
Teste ergométrico
Verifica a capacidade física do individuo, ou seja, o comportamento da pressão arterial, arritmias e isquemia do músculo cardíaco por meio de esteira ergométrica
Ecocardiograma
Verifica as estruturas do coração pelo ultrassom, como a contração do músculo cardíaco, área de isquemia e as válvulas cardíacas.
OTEMPO
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