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sábado, 11 de agosto de 2012

"Cinquenta Tons de Cinza": fenômeno pop, a trilogia erótica de E.L. James é um sucesso mundial

Já são 40 milhões de cópias vendidas da obra, que apresenta conceitos do sadomasoquismo para mulheres

Doris Miranda
Quase não dá para acreditar. Olhando para o sorriso largo e o jeito, digamos, normal de ser, é difícil ligar essa jovem senhora aí, uma comportada mãe de dois adolescentes, a qualquer atitude mais lasciva. Mas, é isso mesmo. A inglesa Erika Leonard, 48 anos, vem causando um rebuliço na sexualidade de mulherada como E. L. James, autora da trilogia erótica Cinquenta Tons de Cinza, considerado o maior fenômeno editorial dos últimos tempos.
Não é exagero, não. Desde março, os livros, que já venderam 40 milhões de cópias apenas em língua inglesa, sendo 20 milhões nos EUA, vêm colecionando recordes. É a série mais comercializada no Reino Unido, com 5,3 milhões de exemplares. É a publicação mais vendida da livraria virtual Amazon - só no braço inglês teve 4 milhões de cópias.
E não é só isso, os direitos da obra foram comprados pela Universal por US$ 5 milhões, valor altíssimo no meio cinematográfico.

Pimenta
Esse estardalhaço todo porque Erika resolveu falar de sexo, minha gente. Não aquele convencional, conceituado no livro como ‘baunilha’, mas sim de um tipo mais selvagem, cheio de preceitos e tabus. “Nunca, em meus devaneios mais delirantes, imaginei que a trilogia se tornaria o que se tornou. O fato é que, quando as pessoas se apaixonam, elas fazem muito sexo, se não me falha a memória”, diz James, que foi capa recente da prestigiada revista americana Newsweek.
Então, direto ao que interessa: Cinquenta Tons de Cinza vale tudo isso mesmo? Antes, uma consideração: não espere literatura elaborada de E. L. James, que não é nenhuma Anaïs Nin (1903-1977), autora de Delta de Vênus. Ao contrário da escritora francesa, casada com Henry Miller (1891-1980), a prosa de James é pobre, repetitiva e, até certo ponto, simplória. Nisso, os homens, os maiores críticos de Cinquenta Tons, têm razão.

Ata-me
Mas, a compensação da mulherada vem, por outro lado, na descrição da sensual relação da jovem  Anastasia Steele com o empresário bem-sucedido Christian Grey. Ela, estudante ingênua, virgem aos 21 anos, encontra nesse Adônis milionário de 30 anos uma iniciação sexual recheada com surpresas sensoriais adquiridas nas práticas sadomasoquistas.
E bota fartura de sexo nas páginas de Cinquenta Tons de Cinza, cujo primeiro
volume chegou ao Brasil há coisa de dez dias e já figura em primeiro lugar em todas as listas dos mais vendidos.
A autora não poupa o leitor de detalhes. Mordaças, chicotes, couro, palmadas, algemas... Tudo o que Christian, dominador nato, quer é a submissão de Anastasia, um contrato para usá-la na cama. As descrições das cenas de sexo são quentes, despudoradas e muito sensuais. A autora sabe provocar - não se pode negar. Algumas transas, creia, chegam a se estender por dez páginas. Tão palatável que, nos EUA, a obra está sendo chamada “pornô para mamães”.

Polêmica
Lá fora, apesar de bombar nas livrarias, a publicação vem gerando um certo desconforto entre feministas, que reclamam da subjugação da mulher. A escritora de primeira viagem se defende: “As mulheres não querem e não devem ser submissãs. Mas, estamos falando aqui do que acontece no quarto, a portas fechadas. O sexo não tem regras”. Simples assim.
Curioso imaginar que essa trama de dor e prazer nasceu inspirada na casta relação do vampiro Edward com a mortal Bella, protagonistas da saga Crepúsculo. Erika James simplesmente adora a obra de Stephenie Meyer e, só de brincadeira, resolveu criar um romance mais apimentado para publicar na internet. Deu certo e hoje é o que é. O segundo volume da saga, Cinquenta Tons Mais Escuros, chega ao Brasil em 15 de setembro. O terceiro, Cinquenta Tons de Liberdade, em 1º de novembro. Até lá, banho frio.



CORREIO24HORAS

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