janela descendo

domingo, 8 de janeiro de 2012

Crescer sem colocar o negócio em risco

Empreendedores que pretendem subir de patamar devem melhorar a gestão
Passar do status de empresa de pequeno para médio porte pode ser não só desafiador, mas também arriscado
São Paulo Crescer. Esta deve ser a meta de muitas micro e pequenas empresas para 2012. Mas passar do status de empresa de pequeno para médio porte pode ser não só desafiador, mas também arriscado. Segundo especialistas, uma das fases mais críticas na vida de um empreendimento se dá no momento em que se pretende aumentar o "tamanho" de seus negócios

De acordo com analistas, a tentativa de crescer vem acompanhada de um risco maior de derrocada, mas, com planejamento, essa fase pode tornar-se bem sucedida. "O maior risco de quebrar é sempre quando se quer crescer, não quando se quer ficar do mesmo tamanho. É um passo muito largo no caminho das micro e pequenas empresas", afirma Sérgio Diniz, consultor do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP).

Entre as barreiras enfrentadas pelas pequenas empresas na hora de elevar seu porte estão as questões de ordem tributária, tecnológica, administrativa e também as mudanças do ambiente de concorrência, no qual será preciso enfrentar empresas que também são maiores.
Tributos
Quanto aos tributos, o professor de estratégia do Instituto Insper, David Kallás, explica que além do aumento dos impostos a serem recolhidos, a burocracia também fica maior. "Fora do Simples - sistema unificado de tributos para empreendimentos com faturamento anual até R$ 2,4 milhões (R$ 3,6 milhões a partir de 1º de janeiro) - a empresa terá muito mais guias e regras para declarar e recolher os impostos. Isso vai além dos custos financeiros", diz.
Plano de negócio
Para Diniz, o plano de negócio é fundamental para que a empresa consiga crescer de forma ordenada e sustentada. "Tudo depende de um bom planejamento. A empresa precisará estar mais estruturada quanto a tecnologia, mão de obra e até estrutura física. Tudo muda, mas crescer não é ruim, é conquistar novos mercados", diz. Segundo os especialistas, por meio do planejamento será possível verificar se o aumento de tamanho terá o retorno esperado. "Crescimento não quer dizer lucratividade. Os custos podem subir a ponto de não ser vantajoso. Por isso é importante estudar cada passo da empresa", comenta Kallás.

Outro desafio enfrentado pelos empreendedores que pretendem subir de patamar é melhorar a gestão e descentralizar o controle da empresa. "Isso faz parte da crise do crescimento, ter que estruturar uma equipe, criar departamentos e não ficar mais com tudo em suas mãos".
Experiência
Na Maricota, empresa familiar fabricante de alimentos, o plano sempre foi crescer. Há 20 anos começaram a ser produzidos pães de queijo na cidade de Luz, interior de Minas Gerais, por 20 funcionários. Hoje são 500, com unidades também em São Paulo."Nesse período, nosso maior desafio foi profissionalizar a administração", conta Ronaldo Evelande de Oliveira, sócio da Maricota. A empresa tem um integrante da família em cada departamento.
Crédito
Para Oliveira, a maior barreira da pequena empresa para crescer é encontrar linhas de crédito. "Era difícil conseguir financiamento para comprar equipamento, por exemplo. Crescemos sempre com capital próprio. Não há incentivo, fora que, com menor volume, é mais difícil negociar preço e prazo com fornecedores", afirma o empreendedor.

O sócio conta que quando a Maricota chegou ao estágio de média empresa, a maior dificuldade era encontrar mão de obra experiente no mercado. "Antes eu formava profissionais. Agora preciso de gente tecnicamente pronta para trabalhar", diz.

Na Lumis, empresa do setor de software, o desafio também é encontrar pessoas qualificadas. "Para crescer, nosso desafio é encontrar gente capacitada para operar", afirma André Matos, diretor executivo da empresa, que começou há dez anos com três pessoas e hoje tem 90 funcionários. "O desafio era delegar", diz.
Permanecer do mesmo tamanho não é insucesso
São Paulo Não há mal nenhum em não querer crescer. A conclusão é de especialistas sobre a decisão dos pequenos empreendedores que preferem não mudar o porte de seus negócios.

"Crescer é mais responsabilidade e risco. É uma escolha que deve ser feita pelo empreendedor", comenta David Kallás, professor de estratégia do Insper.

Para o consultor do Sebrae-SP, Sergio Diniz, o fato de a empresa ser pequena e assim permanecer não é sinal de insucesso. "Não é porque (a empresa) é pequena que não está dando certo, ganhando dinheiro ou não é saudável. Empresas menores têm a vantagem da agilidade, serem menos burocráticas, por exemplo", comenta ele.
Perfil
O professor de mercado da Fundação Instituto de Administração, Celso Grisi, acredita que o empreendedor também precisa ter o perfil para levar seus negócios a um novo patamar. "Não são todos que conseguem assumir esse compromisso, por isso preferem não crescer. Muitos que fizeram a empresa crescer se privaram de muita coisa na vida pessoal para conseguir seus objetivos. E continuam abrindo mão para trabalhar nesse novo ritmo", afirma Grisi. David Kallás, do Insper, aconselha os empreendedores a refletirem sobre onde a empresa está e aonde ela quer chegar. "É difícil quem tem essa mentalidade e isso pode ser revisto ao longo do tempo. Fazer essa análise pode ajudar a planejar a empresa e decidir o que se quer para o futuro", diz.

fonte: DN

Nenhum comentário:

Postar um comentário

pág