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domingo, 8 de janeiro de 2012

O encantador de poderosos

O deputado Gabriel Chalita conquistou a presidente Dilma Rousseff durante a campanha eleitoral, cultiva o afeto do governador paulista Geraldo Alckmin e agora virou pupilo do vice Michel Temer. Suas amizades serão suficientes para levá-lo à prefeitura de São Paulo?

O poeta inglês William Wordsworth celebrizou a máxima “o menino é o pai do homem”. Cotejando o episódio acima com sua trajetória posterior, é inevitável concluir que Chalita acabou se tornando uma das mais perfeitas traduções do adágio. O adolescente que já quis ser padre virou o deputado federal mais identificado com a Igreja Católica no Congresso Nacional. O menino que seduziu Montoro continuou encantando políticos ao longo da vida. Mais tarde – e para ficar só nos nomes que, hoje, têm poder e influência – tornou-se amigo íntimo de Geraldo Alckmin, atual governador, e ganhou a confiança de Dilma Rousseff, presidente da República. Sua mais recente conquista é o vice-presidente, Michel Temer (fotos abaixo). Se Montoro era seu “segundo pai”, Temer virou uma espécie de tutor político – o qual, no mesmo PMDB de Montoro, quer lhe garantir condições políticas para disputar e vencer a eleição pela prefeitura de São Paulo.

fonte: Época
http://revistaepoca.globo.com/tempo/noticia/2012/01/o-encantador-de-poderosos.html
O envolvimento de Gabriel Benedito Issaac Chalita com o mundo da política começou de forma inesperada. Foi aos 15 anos de idade, paramentado de noviço, ao improvisar uma missa no pequeno e pacato município de Bananal, interior de São Paulo. A cidadezinha do Vale do Paraíba é tão tranquila que seu maior atrativo é um chafariz do século XIX espetado na praça principal. No início dos anos 1980, a região costumava receber o então governador, André Franco Montoro, para descansar. Católico, Montoro gostava de ir à missa. Num de seus fins de semana na cidade, o vigário morreu. Como não havia ninguém para substituí-lo, o bispo escalou um adolescente que se destacava no seminário pela expressão verbal esfuziante. Era o jovem Gabriel Chalita.

Por não ter sido ordenado ainda, Chalita só não poderia fazer a consagração. “Quando subi ao altar, o Montoro tomou um susto”, diz. “Ficou perplexo com a imagem daquela criança no lugar do padre.” Ao ouvir a pregação do adolescente, o governador ficou ainda mais impressionado. “Ele voltou para me ver em todas as celebrações e ficou insistindo para eu ir trabalhar com ele. Passamos a trocar correspondência. Depois, fui seu assistente na PUC (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo). Foi meu segundo pai”, afirma. A semente estava plantada. Três anos depois, Chalita largou a batina. Aos 19 anos, filiado ao PDT, foi eleito vereador em sua cidade natal, Cachoeira Paulista.

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