O governador Cid Gomes ouviu, pela primeira vez, de representantes dos diretórios municipal e estadual do PSB, na segunda-feira, que eles querem ter um candidato próprio à Prefeitura de Fortaleza, nas eleições deste ano. Ele recomendou ao presidente do diretório municipal, Karlo Kardoso, que na conversa com o presidente do PT municipal, Raimundo Ângelo, ontem à noite, defendesse a necessidade de se primeiro discutir uma administração para Fortaleza, diferente da praticada hoje pela prefeita Luizianne Lins (PT).
Ficou decidido, ainda no encontro de Cid com dirigentes do PSB que o partido contratará uma pesquisa, ampla, como as que o Governo já havia feito no ano passado e no início deste, sobre a sucessão na Capital cearense a fim de nortear as discussões com os futuros aliados.
Aos aliados o governador repetiu o que havia dito à reportagem do Diário do Nordeste, sobre o seu interesse em conversar com o ex-presidente Lula, sobre a situação de Fortaleza, para só depois conversar com a prefeita Luizianne Lins, com quem não fala há quase dois meses, embora, por quase todo o mês de março a prefeita tenha feito declarações dizendo que aguardava uma ligação dele.
Modelo
Ao quer abordado sobre a continuidade ou não da aliança entre o PSB e o PT, em Fortaleza, o governador Cid Gomes voltou a falar na necessidade de ser estabelecido um diálogo entre as duas siglas sobre um novo modelo de administração para Fortaleza, fazendo observações sobre as deficiências hoje existentes nos segmentos de saúde, de educação e de planejamento da cidade, para só depois cuidarem de nomes para a disputa.
Ele falou do compromisso que tem o PMDB, representado pelo seu presidente estadual, senador Eunício Oliveira, de marchar unido com o PSB, em qualquer circunstância da campanha. E fez observações quanto ao tempo para a propaganda eleitoral que os partidos aliados ao PSB podem ter no rádio e na TV.
A partir daí ele ouviu, de todos os que se manifestaram, na oportunidade, discursos na defesa de um candidato próprio do partido à Prefeitura da Capital e sobre a preocupação da eleição de uma expressiva bancada para a Câmara Municipal.
O PSB municipal decidiu não aceitar cargos na Prefeitura de Fortaleza, como havia sido prometido pela administração municipal. Todos querem ficar distantes até que seja definida a situação da manutenção ou não da aliança para a disputa municipal de outubro próximo. A quase totalidade do partido, apesar das investidas petistas, está fazendo restrições ao PT.
O governador Cid Gomes deixou a entender, para os correligionários, que tudo deve continuar como está em relação aos petistas. Quando receber a nova pesquisa sobre a situação política de Fortaleza é que ele voltará a conversar com os seus correligionários sobre os rumos que deverão tomar.
Coligações
Os candidatos à Câmara Municipal pelo PSB estão preocupados com as coligações proporcionais. Para o governador também essa questão deve ser tratada mais adiante, concomitantemente com a aliança majoritária, até agora só definida com o PMDB, embora alguns dos seus aliados também não descartam a participação do PCdoB, embora o senador Inácio Arruda afirme e reafirme ser candidato a prefeito.
O PP, embora tenha compromisso com a postulação de Inácio Arruda, ainda é citado por alguns do PSB como provável integrante da aliança no caso e não acontecer a continuidade da coligação entre Cid e Luizianne e o PSB apontar o seu candidato a prefeito. O deputado federal Padre José Linhares, presidente do PP vai ser procurado.
Decisão interfere no Interior
Depois de receberem do governador Cid Gomes orientações sobre a aliança na Capital, dirigentes da executiva municipal do PSB se reuniram, na noite de ontem, com lideranças do PT para realizarem a primeira conversa sobre as eleições municipais com os petistas. O encontro foi uma espécie de apresentação das condições de cada sigla para decidirem, em ou outro momento, se devem ou não dar continuidade à parceria.
A portas fechadas, os representantes dos dois partidos, que se reuniram sem a presença dos presidentes estaduais, Cid Gomes e Luizianne Lins, debateram pontos que sustentam a aliança, assim como sugestões a serem adotadas. Uma questão colocada pelo PSB na sala do encontro foi a de que a decisão da Capital vai interferir nas definições em outros municípios do Ceará onde as siglas são aliadas.
Uma das falas mais críticas partiu do PSB, quando o dirigente municipal, Rogério Pinheiro, chegou a questionar os petistas sobre o porquê de a sigla estar sendo procurada somente agora para conversar, tendo em vista que as duas agremiações são aliadas há vários anos. Junto a isso, os membros da legenda presidida por Cid mostraram que a legenda não vai continuar a parceria se a proposta do PT for manter o "projeto que já existe".
Interessa
"Existe um núcleo na Prefeitura que toma decisões e o PSB não entra. Isso que está posto não nos interessa", avisou o presidente municipal do PSB, Karlo Karodozo. O dirigente foi claro ao revelar que a sua legenda está preparada para lançar candidato à Prefeitura caso não haja acordo com o PT. Entretanto, ele preferiu não avaliar nomes.
Já o presidente municipal do PT, Raimundo Ângelo, ressaltou a intenção de manter a aliança com o PSB, mas informou que o encontro foi a primeira conversa. "Há disposição do PT de construir a aliança. Os companheiros do PSB estão na mesma intenção, mas precisamos debater", disse. Em resposta às críticas de que os petistas estão focados apenas em nomes, o dirigente citou as 13 plenárias realizadas no ano passado e disse que o partido está discutindo projetos.
Ao final do encontro, realizado no Hotel Amuarama e que durou até as 22 horas, as duas siglas se comprometeram a estender os diálogos a partir de agora e agendaram, para a primeira quinzena de maio, uma nova reunião entre dirigentes. Enquanto isso, as lideranças dos dois partidos irão levar para debates internos os pontos discutidos na noite de ontem.
DN
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