Os números são fruto de uma Comissão Parlamentar de Inquérito aberta na Câmara Municipal. Os pontos estão espalhados por 11 regiões de Fortaleza
Foram identificados em Fortaleza, de acordo com relatório fruto de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal, 74 pontos de exploração sexual de crianças e adolescentes, entre restaurantes, bares, boates, motéis e flats da cidade. Como estudos anteriores já haviam demonstrado, foi constatado que a exploração infanto-juvenil ocorre em diversas regiões da cidade, da periferia à orla marítima, e não está necessariamente vinculada ao Turismo. O resultado final de seis meses de trabalho foi apresentado ontem na Câmara dos Vereadores, mas segundo a relatora, os nomes dos estabelecimentos onde os crimes acontecem não podem ser divulgados para não prejudicar as investigações. O documento será entregue ao Ministério Publico Estadual.
“Não é só o turista que explora sexualmente, mas também a própria população que aqui mora”, afirmou o presidente da CPI, vereador Antônio Henrique (PTN). Eliana Gomes (PCdoB), relatora da CPI, disse que alguns estabelecimentos recebem alvará para funcionar como um bar, por exemplo, mas na verdade favorecem a exploração de crianças e adolescentes.
Em 2008, a Fundação da Criança e da Família Cidadã (Funci) divulgou a pesquisa “Os sete sentimentos capitais”, na qual mostrou que a maioria dos exploradores era de pessoas que residiam próximos locais de exploração. O estudo também já havia mapeado os bairros da Capital onde os casos ocorriam. A CPI da Câmara, por sua vez, conseguiu mapear 11 regiões, por onde estariam espalhados os 74 pontos de exploração sexual infanto-juvenil.
Para membros do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente do Ceará (Cedeca), o relatório apresentado ontem é superficial e não trouxe novidade. “Os locais (de exploração) já eram conhecidos”, disse Marina Alves, assessora jurídica da entidade. Ela reclama que não houve aproximação entre a CPI e a sociedade Civil. “O relatório teve um viés mais de pesquisa”, diz.
CPI polêmica
Em maio, quando foi criada, essa CPI gerou desconfiança por parte dos vereadores de oposição. Para eles, o real objetivo dela seria impedir a criação de uma CPI que investigaria o uso dos cartões corporativos pelo Executivo. Em 3 de maio, vereadores aliados à prefeita Luizianne Lins (PT) protocolaram outros dois pedidos de CPI, chegando-se ao número máximo permitido pelo regimento da Câmara. Outra CPI só poderia ser aberta passados seis meses. Agora, vereadores de oposição tentam instalar novamente uma comissão para investigar o uso dos cartões corporativos por parte de Luizianne Lins e duas assessoras diretas.
O quê
ENTENDA A NOTÍCIA
Em 1993, a Câmara Municipal criou a “CPI da Prostituição Infantil”. Em 2001 a Câmara instalou outra CPI para investigar o turismo sexual na capital cearense, cuja relatora foi a então vereadora Luizianne Lins (PT).
SERVIÇO
Denúncias
Centro de Defesa da Criança e do Adolescente do Ceará (Cedeca)
Telefone: (85) 3252.4202
Números
13
Audiências Públicas foram realizadas durante a CPI
18
Reuniões com representantes de instituições socais foram feitas
Bruno Cabral
brunocabral@opovo.com.br
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