Na conversa com Temer, ela afirmou não estar disposta a tirar o partido da Transpetro, subsidiária da Petrobras
Brasília A presidente Dilma Rousseff entrou em campo para acalmar o aliado PMDB. Ela conversou com o vice-presidente, Michel Temer, e disse que não há perseguição do Palácio do Planalto a nenhum dirigente daquela legenda.
A mensagem ocorreu dois dias depois de o líder da bancada na Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), desafiá-la publicamente em nome de um cargo no segundo escalão, dizendo que o governo não iria demitir seu afilhado político, porque não iria querer "brigar com metade da República".
A Temer, Dilma disse que Alves provocou, não lhe deixando outra opção a não ser demitir Elias Fernandes, diretor-geral do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs).
A Controladoria-Geral da União havia apontado desvios de quase R$ 200 milhões na estatal. Para evitar uma crise, presidente e vice decidiram tratar a declaração do peemedebista como algo episódico.
Na conversa, ela afirmou não estar disposta a tirar o partido da Transpetro, subsidiária da Petrobras comandada pelo PMDB do senador Renan Calheiros (AL).
O rumor de que o governo também desalojaria o partido nesse feudo azedou ainda mais as relações. Até mesmo o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB), precisou entrar em ação.
"Sérgio Machado (presidente da Transpetro) está mais firme ou tão firme quanto o Pão de Açúcar", afirmou.
O mesmo foi dito pelo ministro com relação aos outros diretores da Petrobras, com exceção daqueles que já tenham pedido para sair, como Guilherme Estrella, da área de Exploração e Produção.
Lobão confirmou a intenção de criar uma nova diretoria na gestão de Graça Foster, para cuidar de assuntos corporativos, como quadro de pessoal e assuntos administrativos, que deve ser ocupado por José Eduardo Dutra, ex-presidente da Petrobras, do PT e da BR Distribuidora.
A ordem no Palácio é acalmar os ânimos. Em Porto Alegre, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) afirmou que o governo precisa de "serenidade" e "maturidade"para enfrentar a crise com o PMDB.
O petista afastou o risco de rompimento, mas se esquivou de dizer se o partido aliado será mantido no comando do Dnocs e da Transpetro.
Carvalho disse que as ameaças feitas ao Planalto pelo líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), devem ser encaradas como "tensão natural" nas relações com a bancada governista.
Lua de mel
"As relações com os partidos aliados ao governo são sempre dinâmicas. Ora estão em lua de mel, ora estão em crise. É natural isso. A gente tem que ter muita serenidade", afirmou, após palestra no Fórum Social Temático, em Porto Alegre.
"É natural que haja aqui uma rusga com este ou aquele partido, mas temos que ter maturidade, serenidade e confiança de que a gente vai continuar caminhando no processo de diálogo."
O ministro não quis comentar as ameaças de Alves, que afirmou que não interessava ao Planalto comprar briga com o PMDB. Segundo Carvalho, a presidente é quem escolherá os novos titulares do Dnocs e da Transpetro, focos da rebelião dos peemedebistas.
No PMDB, o tom foi de cautela. "Hoje está igual quarta-feira de Cinzas, todo mundo meio de ressaca", disse Danilo Forte (PMDB-CE).
No Congresso, o episódio que colocou em lados opostos PMDB e Palácio do Planalto serviu para unir a base aliada contra a posição "intempestiva" de Dilma. A avaliação é que Henrique Eduardo Alves exagerou no tom, mas vocalizou a opinião de muitos.
"Está na hora de a Dilma parar de tratar os aliados como bandidos e ter uma postura diferente com o PT", disse o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força.
fonte: DN
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