O engenheiro Rafael Greca (PMDB) quer retornar à prefeitura de Curitiba. Prefeito da capital paranaense entre os anos de 1993 e 1997, ele corre por fora na atual disputa. “Sou o patinho feio da eleição”, diz. Seu currículo, no entanto, é vastíssimo. Greca já foi ministro do Esporte e Turismo do governo Fernando Henrique, deputado federal e estadual. Ele se orgulha de ter criado, quando administrou o município, projetos autointitulados pioneiros como um restaurante popular que vendia refeições a um real e as chamadas Ruas da Cidadania, centros que concentram toda gama de serviços e burocracias públicas para a população. Agora, o peemedebista diz que pretende dar um horizonte à cidade. “Vou governar para pessoas que têm dois endereços, o residencial e o virtual. Minha ambição é uma cidade em rede”.
O senhor já foi o deputado mais votado do Paraná, mas não conseguiu se eleger deputado estadual na última eleição. Como espera eleger-se prefeito desta vez? As pesquisas mostram que 88% dos curitibanos ainda não decidiram em quem votar. E nenhuma eleição é igual a outra. Na minha última campanha para deputado, quando passava pedindo voto, as pessoas diziam que queriam votar em mim para prefeito.
Por que? Acredito que seja por causa do meu histórico. Acho que, na memória delas, eu sirvo para prefeito e não para deputado. Quando comandei a cidade, deixei 6.600 obras, construí doze dos vinte parques, os bairros populares de Bairro Novo – Sítio Cercado e Moradia Santa Rita do Tatuquara, entre outras.
O que o senhor fez que o deixa mais orgulhoso? Tenho orgulho das idéias que implementamos e que se tornaram exemplos nacionais e internacionais. Os Faróis do Saber, primeiras bibliotecas do país integradas a lan houses públicas, as Ruas da Cidadania, que depois se tornaram o Poupatempo em São Paulo e o Vapt-Vupt no Ceará, e o primeiro restaurante a um real do país, que depois virou Prato Feito em São Paulo. As Vilas de Ofício, moradias populares que reúnem trabalho e residência, valeram para a minha gestão o prêmio “World Habitat Awards” de 1996, da ONU. Fui um prefeito muito feliz.
E o que pretende fazer ainda? Não posso de adiantar o que estou preparando, mas tenho uma equipe trabalhando com o conceito de ecologia humana. Vou governar para pessoas que têm dois endereços, o residencial e o virtual. Minha ambição é uma cidade em rede.
A não-construção do metrô será uma das bandeiras de sua campanha? Sim. Com os dois bilhões que a presidente Dilma e os governos estadual e municipal reservaram para fazer 14 km de metrô subterrâneo, eu posso fazer 65 km de metrô aéreo. Não acredito que a presidente tenha predileção por esse ou aquele modelo, e sim pelo que é mais eficiente.
Outros partidos vão apoiar sua candidatura? Por enquanto nenhum, porque sou o patinho feio da eleição. Mas o PMDB tem um bom tempo de televisão, e tenho conversado com o PCdoB e o PV. Minha candidatura não nasceu do gabinete, o diretório local me escolheu candidato, e o nacional apoiou a ideia. Isso me surpreendeu, porque eu já estava em outra, trabalhando mais como intelectual, planejador urbano, e tinha esquecido dessa ideia. Mas estou feliz.
O senhor não teme o apoio do governador Beto Richa ao atual prefeito, Luciano Ducci? Não me importo com isso. A eleição municipal é local, vai tocar no tema do urbanismo e eu sou um servidor dessa causa. A prefeitura para mim não é trampolim político.
Como avalia a gestão do atual prefeito? A Curitiba modelo não existe mais. Virou uma cidade adoradora de carros. A grande obra demo-tucana, que seria a Linha Verde, se transformou numa obra inacabada. Ela era para ter 20 km e custar R$ 160 milhões. Hoje tem 9 km e já está orçada em R$ 380 milhões de reais. Então, eles são ruins de serviço, mas muito bons de máquina eleitoral.
Marcelo Osakabe (Foto: Carlos Ruggi)
fonte: Época
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