Por Menalton Braff
Se uma cidade cresce, cresce o número de oportunidades. E isso é bom. Geralmente, contudo, cresce ainda mais o número daqueles que esperam as oportunidades. O poder de atração exercido por uma cidade em crescimento é incontrolável.
Se a população de uma cidade cresce, crescem necessidades como vagas em escola, moradias, rede de esgoto, iluminação pública, leitos de hospital, áreas de lazer e tudo mais que não há necessidade de citar. Então começam as queixas da população que não são menores do que as queixas das autoridades municipais. Os recursos não cresceram na mesma proporção, portanto, se o estado não ajudar, se o governo federal se fingir de surdo, o que é que poderemos fazer para superar a degradação da qualidade de vida do município?
E o mais interessante é a reação dos munícipes ao ouvirem que Pouso do Sossego será transformada numa grande cidade. Os aplausos interrompem o orador, na certeza cívica de que todos crescerão na mesma medida da cidade. E o orgulho do crescimento torna os cidadãos eufóricos e os aplausos fervorosos. Mas quando tiverem de esperar dois meses por uma consulta médica, ou entrar numa lista de espera qualquer por um direito que já fora de atendimento tranquilo, os mesmos que aplaudiram a ameaça de crescimento serão os primeiros a culpar as autoridades pela inépcia na solução dos problemas. Os dias de aplauso serão coisa do passado, ninguém mais se lembrará deles.
Em lugar de ameaçar com uma cidade grande, por que esses oradores não ameaçam com uma cidade melhor? Talvez a quantidade seja uma categoria mais visível do que a qualidade.
fonte: Carta Capital/
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