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domingo, 12 de fevereiro de 2012

Estudo contesta ligação entre frituras e doenças do coração

RESSALVA. PORÇÕES FREQUENTES DE BATATAS FRITAS PODEM TER CONSEQUÊNCIAS MALÉFICAS 

Em um estudo recente, pesquisadores da Universidade Autônoma de Madri, na Espanha, investigaram a possibilidade de haver ligações entre os principais óleos utilizados para frituras na dieta mediterrânea e o surgimento de doenças do coração. Eles descobriram que, diferentemente do que se pensava, o azeite e o óleo de girassol não têm ligação direta com essas enfermidades. As conclusões foram de uma equipe composta por diversos centros de pesquisa, universidades e hospitais da Espanha que analisou dados de quase 41 mil adultos entre 29 e 69 anos. No início do acompanhamento, que foi realizado na década de 1990 e se prolongou por 11 anos, os adultos não apresentavam doenças do coração. Os 41 mil voluntários foram divididos em quatro grupos, de acordo com a quantidade de frituras em azeite e em óleo de girassol nas dietas diárias. Eles foram instruídos a responder questionários sobre o consumo semanal dos óleos nos últimos 12 meses, incluindo alimentos consumidos, pelo menos, duas vezes por mês registrados na dieta. O grupo de frituras incluiu alimentos grelhados contendo azeite, fritos com pouco óleo, ou mergulhados nesse tipo de gordura. Durante o acompanhamento dos voluntários, os pesquisadores registraram o número aproximado de apenas 600 casos de doenças coronarianas, como ataques cardíacos. Do total dos participantes, 1.100 morreram - independentemente da causa. Surpreendentemente, as análises dos pesquisadores não indicaram diferenças na saúde entre os quatro grupos de voluntários com relação ao risco de doenças cardíacas ou de morte. Os resultados também não variaram entre aqueles que usaram azeite de oliva para frituras e aqueles que optaram por consumir o óleo de girassol. Conforme publicado no periódico "British Medical Journal", as frituras são os métodos mais comuns de preparo de alimentos nas dietas de países ocidentais. Segundo os pesquisadores, nas nações mediterrâneas, o azeite de oliva e o óleo de girassol são as gorduras mais usadas para se fazer frituras, além de o consumo dos alimentos fritos ser grande, seja em casa ou na rua. Mesmo assim, os pesquisadores não observaram uma associação direta entre o consumo de comida frita e o risco de doenças coronarianas ou de morte. Em um editorial publicado na mesma edição da revista, Michael Leitzmann, professor da Universidade de Regensburg, na Alemanha, afirmou que é um mito dizer que as frituras fazem mal ao coração, uma vez que a ideia não pode ser verificada em pesquisas científicas. "De qualquer forma, isso não significa que porções frequentes de batatas fritas não terão consequências maléficas à saúde", ressalta. O relatório da pesquisa faz um alerta para a mudança no conteúdo nutricional dos alimentos após serem fritos. Isso está relacionado, também, ao aumento da quantidade de calorias - algo que pode ser explicado pelo fato de as frituras levarem à perda de água e ao acúmulo de gordura.
Riscos elevados 
Segundo os pesquisadores, apesar de não haver pesquisas que comprovem a ligação direta entre as frituras e as doenças do coração, a ingestão desse tipo de alimento aumenta alguns dos fatores de risco que levam aos problemas coronários, como a pressão e o colesterol elevados e a obesidade. Para Victoria Taylor, nutricionista da British Heart Foundation, a recomendação já era de substituir gorduras saturadas, como a manteiga, por gorduras insaturadas, como o azeite de oliva, para manter o colesterol baixo. "O estudo reforça a necessidade de trocar", destaca.

OTEMPO

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