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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Maior inadimplência dos últimos dois anos

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Segundo o Banco Central, nas operações para pessoas jurídicas, houve recuo de 3,9% para 3,7% em janeiro

Brasília. A inadimplência média nas operações de crédito com recursos do crédito livre (sem destinação específica) subiu no mês de janeiro para 5,6%, ante 5,5% de dezembro, segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central. O aumento do nível de inadimplência no mês passado se deu exclusivamente nas operações para pessoas físicas (maior índice dos últimos dois anos no País), cuja taxa subiu para 7,6% em janeiro, ante 7,4% de dezembro de 2011.

Nas operações para pessoas jurídicas, a inadimplência recuou de 3,9% para 3,7% no mesmo período acima. Pelo conceito do Banco Central, são considerados inadimplentes os consumidores que atrasam pagamentos de dívidas em mais de 90 dias.

Sazonalidade

O Banco Central também informou que o recuo de 0,2% no estoque de crédito entre dezembro e janeiro foi sazonal, com o arrefecimento da demanda por parte do setor produtivo. O recuo reflete, também, a queda de 7,3% do dólar no mês, que reduziu os valores das dívidas em moeda estrangeira. "Uma moderação que é normal nessa época. Esse ano, um pouco mais significativa, e que deve ser atribuída, além da sazonalidade, a uma variação cambial maior, que impacta os ativos financeiros referenciados em moeda estrangeira. Quando o dólar caiu houve uma redução nesse estoque de ativos. Foi um comportamento pontual", disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel. Ele afirmou, ainda, que a última queda do estoque de crédito foi registrada em 2009.

Empréstimos

Segundo o BC, os empréstimos às famílias tiveram crescimento moderado, concentrado no crédito pessoal, cheque especial e cartão de crédito. A média diária de concessão caiu 11,7% em janeiro ante dezembro, para R$ 8,237 bilhões. Na comparação com janeiro de 2011, houve crescimento de 7,7%.

Para pessoa física, houve queda de 0,7% na comparação mensal e alta de 13,9% em relação ao mesmo período de 2011, para R$ 3,553 bilhões.

Para pessoa jurídica, houve queda de 18,6% na comparação mensal e alta de 3,5% em relação ao mesmo período de 2011, para R$ 4,684 bilhões.

Juros voltam a subir em janeiro

Brasília. O custo do crédito voltou a subir neste início de ano, apesar da queda na taxa básica de juros e da tentativa do governo de usar os bancos públicos novamente para baratear os empréstimos. Pesquisa do Banco Central divulgada ontem mostra que a taxa média de juros cobrada dos consumidores e empresas subiu para 38% ao ano em janeiro, maior valor em três meses. Dados parciais para fevereiro mostram nova alta, para 38,3%. O aumento dos juros se deve à alta do spread bancário, diferença entre o custo do dinheiro para os bancos e o porcentual cobrado dos clientes.

Segundo o BC, o problema está ligado à inadimplência, um dos fatores que mais pesam no cálculo do spread. O porcentual de prestações em atraso, no caso das pessoas físicas, cresceu pelo sétimo mês seguido e chegou a 7,6% das dívidas, maior nível em 25 meses. "Esse spread repercute a resistência da inadimplência em recuar", disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel.

Preocupação

O presidente do BC, Alexandre Tombini, disse ontem que a redução do spread é uma preocupação da presidente Dilma Rousseff e que o foco do governo será no valor cobrado de pessoas físicas e pequenas e médias empresas.

Fontes da equipe econômica dizem que o governo tenta uma ação coordenada de redução dos spreads, semelhante à executada na crise de 2008 e 2009, quando os bancos públicos reduziram taxas e aumentaram os empréstimos para ajudar no crescimento da economia.

fonte: DN

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