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sexta-feira, 16 de março de 2012

Americano que matou no Afeganistão será julgado nos EUA‎

Soldado americano sob stress e efeito de álcool

De nada adiantaram as manifestações populares no Afeganistão para que o soldado americano que matou 16 pessoas, entre as quais nove crianças e três mulheres, fosse julgado no país. O soldado deve desembarcar nesta sexta-feira (16/3) nos Estados Unidos, onde providências já foram tomadas para seu julgamento em um tribunal militar. Uma equipe formada por dois advogados militares e dois advogados criminalistas civis, acostumados a atuar em casos de grande repercussão, bem como em tribunais militares, já está a postos para a defesa do soldado.
A linha de defesa também já foi traçada e divulgada por todas as grandes emissoras de televisão e pelos grandes jornais dos EUA, para a informação do público. Em entrevista coletiva, o advogado John Henry Browne anunciou que o soldado, cujo nome ainda não foi divulgado, sofre de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Por essa razão, o psiquiatra forense Richard Adler, especializado em TEPT, já se integrou à equipe de defesa.
Browne declarou à imprensa que o soldado foi enviado ao Afeganistão depois de servir por três turnos no Iraque, onde sofreu um ferimento na cabeça e outro no pé, em um acidente com seu veículo. Disse também que, na véspera do ataque ao vilarejo na província de Kandahar, onde o soldado invadiu três casas para atirar e botar fogo nas vítimas, ele viu, de perto, um de seus amigos perder as pernas em uma explosão. Esses fatos, segundo o advogado, estabelecem a segunda linha de defesa: os problemas psiquiátricos de seu cliente decorrem de suas múltiplas mobilizações para as guerras no Iraque e no Afeganistão. Em outras palavras, a culpa é do sistema.
Um oficial declarou, ainda no Afeganistão, que o soldado estava passando por problemas em seu casamento. Os advogados criminalistas descartaram essa linha de defesa. A advogada Emma Scanlan disse que visitou a família do soldado e que ele tem todo o apoio dos seus familiares, apesar de estarem chocados. Segundo os advogados, seu cliente, que tem dois filhos pequenos, é um soldado condecorado, com uma família onde reinam "muito amor e respeito".
Os legisladores afegãos fizeram pressão para que o soldado americano fosse julgado no Afeganistão. "Isso não vai acontecer", declarou Browne à imprensa. O advogado civil Phillip Stackhouse, especializado em tribunais militares, disse que seria muito mais difícil para as equipes de defesa conseguir especialistas como testemunhas no Afeganistão. Mas, com o julgamento realizado nos EUA, as testemunhas-chave serão aldeões afegãos que presenciaram a ação do soldado americano. Os promotores terão de trazê-los do Afeganistão e colocá-los, no julgamento, à disposição da defesa, para interrogatório cruzado.
O secretário de Defesa dos EUA, Leon Panetta, que foi ao Afeganistão para pedir desculpas, pessoalmente, às autoridades do país, disse que o soldado deverá enfrentar uma corte marcial que, possivelmente, vai pedir a pena de morte para ele. A expectativa é que o soldado seja julgado na base militar Lewis-McChord, a mesma que começou a julgar, no ano passado, quatro soldados acusados de assassinar afegãos civis em 2010. A corte marcial está em andamento, mas a pena de morte não está em consideração como uma possível condenação.

Agência Estado

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