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quinta-feira, 3 de maio de 2012

Ceará tem R$ 426,5 milhões para ações contra a seca


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Secretário do Desenvolvimento Agrário, Nelson Martins, governador Cid Gomes e ministro da Integração, Fernando Bezerra, no lançamento do comitê
FOTO: KELLY FREITAS
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Os trabalhadores rurais dizem que o movimento é pacífico, mas só deixam a Prefeitura quando a pauta de reivindicações for atendida. Município estima que mais de 90% da safra está perdida
FOTO: JÚNIOR SÁ
Cid Gomes chamou a atenção para que o dinheiro destinado ao combate à seca seja aplicado corretamente
Fortaleza Durante o lançamento do Comitê Integrado de Combate à Estiagem no Ceará, na manhã de ontem, no auditório do Comando do Corpo de Bombeiros, o governador Cid Gomes anunciou o investimento de R$ 426,5 milhões em projetos emergenciais que estão sendo executados para amenizar os efeitos ocasionados pela seca no Estado. Deste valor, R$ 199,9 milhões são provenientes do Ministério da Integração Nacional.

Para beneficiar os agricultores cearenses, são 563 sistemas de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (Pais), 365 projetos com recursos do Fundo Estadual de Desenvolvimento da Agricultura Familiar (Fedaf), cinco mil kits de irrigação com quintais produtivos, 7.200 cisternas de enxurradas, 47.100 cisternas de placas, 14.228 cisternas de polietileno e 1.500 sistemas de abastecimento d´água.

Cid Gomes destacou que o comitê será importante para integrar os governos municipal, estadual e federal no que diz respeito a ações emergenciais "transparentes, econômicas e sérias" de combate à seca. "Vamos evitar desvios dos recursos e fazer com que o dinheiro seja aplicado da melhor forma e o mais rápido possível. É preciso dar transparência a toda e qualquer ação de combate à seca", afirmou.

Garantia Safra
Segundo o secretário estadual do Desenvolvimento Agrário, Nelson Martins, a expectativa é de que 239.982 agricultores recebam a primeira parcela do Garantia Safra em junho. Ao todo, são cinco de R$ 136. Os produtores que não são inscritos neste programa do Governo Federal devem receber o Bolsa Estiagem, em cinco parcelas de R$ 80. Para isso, precisam morar em área rural e também ser beneficiários do Bolsa Família.

O atual volume de armazenamento de água no Ceará, conforme dados apresentados por Cid Gomes, é de 69% da capacidade. Apenas as regiões de Crateús e Curu estão com volumes abaixo de 50%. Mesmo assim, o governador destacou que a situação não é preocupante. "Temos água suficiente para consumo humano e irrigação", falou.

O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, lembrou que 2012 enfrenta uma das mais severas estiagens dos últimos 40 anos, mas que o Governo Federal vem trabalhando para que o Nordeste continue crescendo acima da média nacional. "Que a gente possa ultrapassar cada seca com menos sacrifício, e poder dizer que fizemos o possível e o impossível por aqueles que vivem no semiárido", disse.

O comitê será coordenado pela secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA), e terá representantes dos Ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à fome e das Minas e Energia, além do Exército Brasileiro. Pelo Governo do Ceará, participarão as secretarias de Recursos Hídricos, Cidades, Trabalho e Desenvolvimento Social, as vinculadas à de Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), Superintendência de Obras Hidráulicas (Sohidra), Ematerce e Defesa Civil Estadual, além da Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Ematerce) e da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec).

Mais informações
Secretaria do Desenvolvimento Agrário do Ceará
Telefone: (85) 3101.8002
Defesa Civil
Telefone: (85) 3101.4571/199

RAONE SARAIVAESPECIAL PARA O REGIONAL

Agricultores ocupam sede de Crateús
Crateús Cerca de 1.500 agricultores deste Município, ocuparam a sede da Prefeitura de Crateús na manhã de ontem, reivindicando ações emergenciais contra a seca. Durante a manifestação, o prefeito Carlos Felipe decretou estado de emergência no Município. De acordo com a Coordenadoria Estadual da Defesa Civil (Cedec), 11 cidades já encaminharam decretos de emergência: Aurora, Boa Viagem, Choró, Ibaretama, Iracema, Milhã, Miraíma, Quiterianópolis, Senador Pompeu, Solonópole e Tauá.

Mais outros 36 Municípios já procuraram a Cedec para orientar sobre como fazer o levantamento das perdas e encaminharem os decretos de emergência.

Em Crateús, o movimento que é representado por entidades como Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras rurais; Fórum dos Assentados de Crateús; Federação das Entidades Comunitárias, Frente Social Cristã, Comissão Pastoral da Terra e Movimento dos Trabalhadores Sem Terra-MST.

"Após receber a confirmação técnica da Secretaria de Negócios Rurais e de outros órgãos como Ematerce e Funceme, constatamos que a perda da safra será superior a 90%, não nos restando alternativa a não ser assina o decreto de emergência por conta da estiagem. Enquanto estiverem acampados, vamos prover água e alimentação e toda estrutura necessária para os trabalhadores" disse o prefeito.

Mesmo tendo sido atendidos pelo gestor municipal, o movimento decidiu por continuar com a ocupação até que outros pontos apresentados também sejam atendidos. Durante a manifestação, uma carta com vários pontos de reivindicação foi entregue ao prefeito para ser encaminhada aos Governos do Estado Federal.

Dentre os pontos apresentados, está o pedido de ampliação da aérea de atendimento pela operação carro pipa em todo Município; ativação de poços profundos já existentes e perfuração de novos poços em comunidades ainda não atendidas; implantação de projetos de adutoras e estação de tratamento de águas em comunidades onde existe viabilidade técnica; financiamento de projetos com subsídios de 90%, para aproveitamento de áreas de molhados para produção de alimentos e forragem pra os animais; anistia das parcelas de dividas agrícolas como Pronaf, crédito fundiário, programa hora de plantar vencidas em 2012 e 2013.

"O movimento é pacifico e busca uma medida concreta contra a seca. A decisão de ocupar a Prefeitura é para sensibilizar os governantes para o grave problema que estamos enfrentando" declarou o presidente da Federação das entidades comunitárias de Crateús, Antonio Ricardo.

Mais informações:
Prefeitura Municipal de Crateús - (88) 3692.3315
Sertão dos Inhamuns
Fundação Cearense de Meteorologia - (85) 3101.1117

CARLOS RENÊCOLABORADOR

Chuva em abril fica 70% abaixo da média
Iguatu No mês de abril passado, as chuvas ficaram 70,8% abaixo da média histórica do Estado. No período, foram registrados, em média, 62,1mm enquanto que a média histórica é de 212,8 mm. O percentual negativo reflete a seca que a região enfrenta neste ano, com consequências drásticas para os produtores rurais. De acordo com os dados da Funceme, a média de chuva para o Ceará, no período de janeiro a abril deste ano, foi de 385,4 milímetros, isto é, menos 44% em relação à média histórica do quadrimestre que é de 688,9 milímetros.

A tendência para este mês de maio que se inicia é de que as chuvas vão permanecer reduzidas, abaixo da média, isoladas e irregulares. A Zona de Convergência Intertropical (ZCI) é o principal sistema que provoca chuvas durante a quadra invernosa (fevereiro a maio) no Ceará. De acordo com a meteorologista da Funceme, Cláudia Rickes, a escassez de chuva no Estado decorre do afastamento da ZCI em direção ao Norte, além da Linha do Equador.

"Quando a Zona de Convergência está sobre o Ceará ocorrem precipitações", explicou. "Esse afastamento é provocado porque a temperatura superficial das águas do Atlântico Norte está neutra em relação ao Atlântico Sul", apontou ela.

A região que registrou maior desvio negativo de precipitações em abril, em relação à média histórica do período, foi a Jaguaribana (-83,4%). Depois, a região do Sertão Central/Inhamuns (-79,7%).

Na região da Ibiapaba, a média de ocorrência de chuvas em abril último (72,8mm) ficou 72,3% abaixo da média histórica (262,9 milímetros). O Cariri cearense anotou desvio negativo de 69,7% no último mês. Choveu em média 50mm, bem abaixo da média histórica (165mm). O Litoral do Pecém apresentou queda de 66,9%; o Litoral de Fortaleza, - 63,7%; Maciço de Baturité, - 61,2%; e o Litoral Norte, - 54,6%.

No campo, os produtores rurais têm uma certeza, mesmo que houvesse boas precipitações em maio, a lavoura já se perdeu e não há mais tempo para replantio, ou seja, a seca está configurada. Os agricultores e criadores agora aguardam as ações de apoio do governo. A Funceme prevê que neste mês de maio, o último da quadra invernosa, as chuvas continuem reduzidas.

HONÓRIO BARBOSAREPÓRTER

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