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sábado, 9 de junho de 2012

48% dos pacientes são do Interior

Médicos da alta complexidade do sistema público reclamam de carência de leitos de UTI
O ato de salvar uma vida, muitas vezes, vai além da vontade de um médico, pois eles dependem de um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para internar pacientes em estado grave. Porém, a carência de hospitais no Interior do Ceará, principalmente no Sertão Central, vem superlotando as unidades da Capital. No Instituto Dr. José Frota (IJF), por exemplo, 48% dos pacientes internados nos 33 leitos de UTI e 20 de risco 1, provém de outros municípios do Estado.


Por outro lado, de acordo com o superintendente do IJF, o número de mortes, que era de 42% no ano de 2008, caiu para 19% no ano passado. Ele atribui a queda a investimentos na UTI, na tecnologia e na oferta de medicamentos Foto: Kiko Silva
Além desse leitos, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) oferta mais 20, sendo dez no Frotinha de Antônio Bezerra e dez no Hospital Dr. Fernandes Távora, fora os disponibilizados nos hospitais conveniados.

Conforme o superintendente da unidade, Messias Barbosa, o recomendado pelo Ministério da Saúde é que cada hospital tenha, pelo menos, 10% do total de leitos funcionando como UTI. No IJF, de acordo com ele, são 450 leitos gerais, assim, deveriam existir 45 leitos de UTI formalizados. Entretanto, a unidade só possui 33.

Suporte

Por outro lado, Messias Barbosa afirma que existem 20 leitos de risco 1, os quais oferecem um suporte igual ao de uma UTI, atuando com os mesmos equipamentos, desde o respirador até máquina de diálise para pacientes com problemas renais. Segundo ele, esse leitos ainda não estão habilitados como UTI devido a uma questão burocrática exigida pelo próprio Ministério da Saúde. O diretor destaca que a solicitação já foi enviada, desde o ano passado, e a unidade aguarda um retorno do órgão.

"Os leitos adicionais suprem a demanda na unidade. Contudo, o problema da demanda ser proveniente do Interior do Estado ainda persiste e é crescente". Segundo ele, a grande quantidade de pacientes vem de Sobral, Região Norte do Estado, e do Sertão Central, onde não há nenhum leito de UTI disponível.

"Acredito que, nos últimos cinco anos, o número de pacientes do Interior que ocupam os leitos no IJF aumentou cerca de 10% a 12%, principalmente, os acidentados de motos", ressalta Messias Barbosa, já prevendo que, no futuro, mesmo com os leitos adicionais, será possível enfrentar graves problemas. "Temos que considerar, primeiro, o aumento da população, segundo, o aumento da migração nos próximos dois anos. Certamente, vai aumentar a demanda diz.

Mortes

Em contrapartida, segundo ele, a taxa de mortalidade na UTI do hospital, que já chegou a ser 42% em 2008, caiu para 19% no ano passado. "Houve um investimento na UTI, na tecnologia, na oferta de medicamentos e quantidade de médicos", diz.

Segundo Tarcísio Dias, presidente da Federação Nacional dos Médicos/Regional Nordeste e diretor financeiro do Sindicato dos Médicos do Ceará (Simec), durante as reuniões do órgão, a reclamação dos médicos que trabalham na alta complexidade do sistema público de saúde em Fortaleza é sempre a mesma: carência de leitos de UTI. E o motivo mais apontado é a falta de amparo nas unidades de saúde no Interior. "O Sertão Central, Quixadá, Quixeramobim, Jaguaribe, são regiões enormes e não oferecem leitos de UTI", diz.

Solução

Segundo o secretário da Saúde do Estado (Sesa), Arruda Bastos, em agosto deste ano, será inaugurado, em Sobral, o Hospital Regional da Zona Norte, que irá ofertar 70 leitos. No Sertão Central, onde não há oferta de leitos de UTI, ele afirma que já foram iniciadas as obras do Hospital Regional do Sertão Central, que deverá ser inaugurado em setembro de 2013, ofertando também mais 70 leitos de UTI.

Para atender a população de Fortaleza e adjacências, o Hospital da Região Metropolitana, com outros 70 leitos de UTI, deve ficar pronto até o fim de 2013. "Com isso, esperamos suprir a demanda do Estado", destaca o secretário. Ainda segundo ele, a Sesa disponibiliza, na rede do Sistema Único de Saúde (SUS), 1.020 leitos em todo o Ceará.

Previsão
70 leitos de UTI serão oferecidos pelo Hospital da Região Metropolitana, que deve ficar pronto até o fim de 2013, segundo a Secretaria da Saúde do Estado

KARLA CAMILAREPÓRTER 

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