Programa focou em temas fracos em sua primeira exibição na Globo. Ibope, porém, foi bom: média de 10 pontos, o dobro do normal para o horário
Carol Nogueira
Fátima Bernardes na entrevista coletiva de lançamento de seu novo programa na TV Globo (Roberto Filho/AgNews)
Em sua estreia na Globo nesta segunda-feira, Encontro com Fátima Bernardes, novo programa da ex-âncora do Jornal Nacional, ainda não conseguiu mostrar a que veio. Com duração de 1h30, a nova atração matutina da emissora pareceu um pouco perdida tanto no formato ao vivo, que mistura alguns VTs, quanto na integração de equipe e plateia. Mas, a julgar pelo Ibope alcançado -- média de 10 pontos, o dobro do que o horário registrava com a TV Globinho --, a Globo deve estar em festa. A questão é saber se ela vai manter essa audiência.
Antes de o programa começar, foram mostrados alguns flashbacks de momentos da carreira de Fátima, como sua despedida do Jornal Nacional e a preparação para Encontro... até, finalmente, o dia da estreia. "Estou muito feliz", declarou a agora apresentadora, acrescentando que a fase de incubação do programa durou seis meses -- "menos do que uma gravidez" -- e que o formato ainda não está acabado. "Tenho certeza de que ele vai mudar a cada dia com a ajuda dos telespectadores", afirmou Fátima, com roupas e postura mais despojadas que nunca. Ela tem razão. O formato de Encontro... ainda não ficou muito claro.
O primeiro tema foi adoção. Fátima levou à plateia casais que têm filhos adotivos para contar suas histórias. Um deles, testando sua veia poética, disse que adotar serve para medir o "DNA da alma" -- seguido de outros depoimentos de causar "vergonha alheia". Também foram mostradas algumas entrevistas feitas com crianças que vivem em orfanatos, num tom dramático um pouco excessivo para um programa matutino. O correspondente da Globo em Londres, Marcos Losekann, foi chamado a participar e ficou perdido no meio do assunto, até que, alguns minutos depois, a apresentadora explicou que ele trataria do sistema de adoção na Inglaterra. Depois, numa estratégia para mostrar que o jornalismo do canal está a serviço de Fátima, foi a vez de outro correspondente, Thiago Crespo, falar sobre o sistema de adoção no Marrocos -- essa participação, pré-gravada, funcionou melhor. Fátima foi didática: "A intenção não é fazer uma campanha pela adoção, mas jogar luz no assunto para quem quiser adotar."
Outro tema abordado foi a história de pessoas que viajaram recentemente pela primeira vez de avião, focando claramente no novo público queridinho da emissora -- a classe C. Nessa matéria em especial, os depoimentos de três amigos que viajaram juntos para a Disney ficaram um pouco confusos, mas Fátima teve o timing certo para chamar o vídeo de apoio, que explicou melhor a história. Mas, na última matéria do dia, sobre depilação masculina, a equipe já demonstrou estar mais integrada, gerando um debate interessante e divertido entre apresentadores e plateia. Foi boa a sacada de levar um lutador de MMA que se depila.
Um dos quadros propostos para o programa nessa estreia foi um momento em que são mostrados vídeos de pessoas dentro de uma cabine espelhada, no qual elas falam sobre seus sonhos (viajar, ter um filho, entre outros), mas a falta de jeito de alguns com a câmera torna a situação involuntariamente cômica. Em um deles, ao ouvir que o sonho de um dos rapazes era "pegar muita onda", Fátima, sem jeito, respondeu: "Que bom, hein?", com um sorriso amarelo. Também ficou meio perdido o momento em que ela chamou o marido, William Bonner, direto da reunião de pauta do JN, para falar sobre nada. Foi apenas um dos muitos momentos entediantes do novo programa.
Entre a equipe de Fátima, pontos positivos para o repórter Lair Rennó, que se mostrou despojado e à vontade para falar sobre qualquer tema, inclusive dar as notícias (chatas) do dia. Os humoristas Marcos Veras e Victor Sarro não fizeram muita diferença. Sarro não abriu a boca e Veras, quando falou, foi inconveniente. E o papagaio? Onde está?
Fátima estava certa: Encontro... terá de ouvir muitos telespectadores até acertar a mão.
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