'O final é sempre melhor'
"Estamos muito felizes, mas isso (as obras) é apenas o começo, e costuma-se dizer que o final é sempre o mais agradável", disse à BBC Mundo Maribell Silva, juíza local e uma das organizadoras do protesto - do qual participaram quase 300 mulheres e alguns homens de Barbacoas.
"Na cidade estão nos dando os parabéns, mas muitos dizem: 'Como assim que as pernas não estão mais cruzadas? Aguentem até que nós tenhamos segurança, até que tenhamos a rodovia (pronta)'. Mas nós já nos desmobilizamos", comentou ela, entre risadas.
A desconfiança se explica porque, segundo Silva, o orçamento para a pavimentação da rodovia já havia sido aprovado e desembolsado pelo governo em ao menos cinco ocasiões prévias. Mas a via, de 57 km de extensão, continua praticamente intransitável.
"A corrupção a destruiu, (a via) foi roubada. E roubaram toda uma comunidade, porque não se trata apenas de um município. A rodovia vai beneficiar ao menos três cidades", agregou a juíza.
Organizadora da 'greve' diz que forma de protesto pode ser usada mais vezes na Colômbia
O caminho a Barbacoas enfrenta outro problema além de seu mau estado: é conhecido pela presença de diversos grupos armados.
Localizado entre a fronteira colombiana com o Equador e o oceano Pacífico, o estado de Nariño é estratégico para as guerrilhas das Farc e do ELN, bem como para gangues criminosas de origem paramilitar que se dedicam ao narcotráfico.
O município de Barbacoas também é rico em ouro, mineral que vem se convertendo em uma importante fonte de recursos financeiros para os grupos armados ilegais.
E todos esses fatores influenciaram na hora que as mulheres decidiram optar pela "guerra do sexo" como forma de despertar atenção para a situação local.
Barbacoas tem pago um preço alto por sua inacessibilidade. As sete horas necessárias para percorrer os 57 km da rodovia não asfaltada são excessivos, por exemplo, para pessoas que precisam de atendimento médico urgente.
"Fui testemunha da morte (na rodovia) de uma mulher em trabalho de parto, uma jovem de 22 anos. Foi algo marcante para mim", relatou Silva. "Este município está totalmente atrasado. Temos que tomar banho e cozinhar com a água da chuva, porque não temos dutos de água."
Para ela, o aparente sucesso da greve de sexo em Barbacoas pode servir de exemplo para o resto da Colômbia.
"Estamos tentando convencer o país de que, de forma pacífica, podemos conquistar muitas coisas."
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