O grupo insurgente Taleban prometeu nesta segunda-feira se vingar do “ataque desumano” no qual 16 civis afegãos foram mortos por um soldado americano em Panjwai, no sul do Afeganistão. Diante da possibilidade de atentados, o governo dos Estados Unidos reforçou a segurança em prédios diplomáticos e bases militares, além de alertar seus cidadãos no país.
Em comunicado, o Taleban chamou o ataque de “crime desumano” cometido por “americanos selvagens e doentes”. O grupo prometeu às famílias das vítimas que buscará vingança “para cada um dos mártires”.
Foto: AP
Afegão senta-se ao lado de corpo de civil que teria sido morto por soldado americano em Panjwai, no Afeganistão (11/03)
No mês passado, o grupo assumiu vários ataques que teriam sido uma resposta à queima de exemplares do Alcorão (livro sagrado dos muçulmanos) em uma base americana no Afeganistão. O incidente provocou violentos protestos que deixaram ao menos 30 mortos, incluindo seis soldados dos EUA.
Nesta segunda-feira, não eram registrados protestos nas ruas do Afeganistão. Mas analistas acreditam que a morte dos civis vá aumentar as tensões entre Washington e Kabul no momento em que o governo americano tenta encontrar uma saída honrosa do conflito no país, que dura mais de dez anos.
As circunstâncias do atentado de domingo ainda são pouco claras. Autoridades do Afeganistão e dos EUA disseram que o ataque começou por volta das 3h (horário local) em dois vilarejos próximos a uma base na região de Panjwai, perto de Kandahar.
Moradores disseram ter buscado abrigo desesperadamente enquanto o soldado passava de casa em casa atirando. O militar teria entrado em três casas e queimado corpos, um insulto ao Islã. Onze dos 16 mortos seriam da mesma família. Além disso, nove vítimas seriam crianças e três delas teriam morrido com um único tiro na cabeça
Autoridades americanas disseram que o atirador, identificado apenas como um sargento, agiu sozinho após deixar a base militar.
Ele teria voltado ao local após o ataque e se entregado. Agora, está sob custódia em uma instalação militar da Otan. A agência de notícias Associated Press disse se tratar de um homem de 38 anos, do estado de Washington. De acordo com a agência, ele é casado, tem dois filhos, serviu no Iraque e está em sua primeira temporada no Afeganistão. As razões para suas ações não ficaram claras, mas há especulações de que ele estaria bêbado ou de que teria sofrido um colapso nervoso.
Algumas autoridades afegãs e moradores dos vilarejos disseram duvidar que apenas um soldado americano tenha cometido o ataque, já que as casas estavam separadas por cerca de 2 km. “É impossível que apenas um soldado americano tenha saído de sua base, matado um monte de gente, queimado seus corpos, ido para outra casa, matado mais civis, depois andado 2 km para entrar em outra casa, matar mais gente e queimar mais corpos”, disse um funcionário do governo afegão.
Alguns moradores dos vilarejos disseram ter visto mais de um soldado e ouvido tiros de diferentes direções. Outros disseram ter visto apenas um militar.
Em seu website, a Embaixada dos Estados Unidos em Cabul alertou cidadãos americanos no Afeganistão que "como resultado do trágico tiroteio na província de Kandahar, envolvendo um militar dos EUA, há um risco de sentimentos antiamericanos e protestos nos próximos dias, especialmente nas províncias no leste e sul do país".
O Parlamento do Afeganistão aprovou uma resolução sobre a morte dos civis, que pede que o soldado americano seja julgado publicamente em um tribunal afegão e diz que o povo perdeu a paciência com as ações das tropas estrangeiras.
O presidente americano, Barack Obama, telefonou para dar os pêsames ao presidente afegão, Hamid Karzai, que classificou o incidente de "imperdoável"
Com AP
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