O vereador Alzimário Belmonte, do PP de Ilhéus (BA), é autor de uma lei que obriga alunos do ensino municipal da cidade baiana a rezarem o Pai Nosso antes de todas as aulas. Aprovada por todos os vereadores e sancionada pelo prefeito do município, a regra já está valendo nas escolas. Gurita, como é chamado o vereador, afirma que a ideia é “educar nossos jovens na cultura da oração”. Aos 49 anos, ele está em seu primeiro mandato. “Não bebo, não fumo, pratico atividade física e não perco noite”, diz. O vereador divide seu tempo entre o trabalho, os cultos na Igreja Batista e os esportes — ele é formado em educação física. Ele conversou com o repórter Igor Paulin sobre a Lei do Pai Nosso.
Vereador, o que é essa lei do Pai Nosso? Contruí essa lei para que nós possamos educar nossos jovens a cultura da oração. É o processo educativo da oração, da pessoa saber que a oração é uma forma de chegar até Deus, de proteção espiritual, de educação mesmo.
O que diz a lei? O Pai Nosso deve ser rezado antes das aulas nas escolas públicas do município.
Como vai ser feita a fiscalização? Isso aí é com a Secretaria de Educação.
O que acontece com quem não cumprir? A lei não prevê sanção nenhuma. Seria um absurdo se tivéssemos uma sanção porque a pessoa não quer orar o Pai Nosso, já pensou?
Já pensei. Então, a lei não vale? Não, apenas não quer dizer que é obrigatório. Vivemos em um estado laico de direito. Se a pessoa quiser orar, ora. Se não quiser fica calada, pede licença, sai da sala na hora da oração.
Por que o senhor escolheu o Pai Nosso? Porque é a oração que Jesus nos ensinou. Está lá na Bíblia Sagrada: “Quando orardes, orardes assim: Pai Nosso que estais no céu, santificado seja o vosso nome”.
O senhor é de qual religião? Sou da religião de Jesus Cristo. Frequento a Igreja Batista. Mas não faço diferenciação de pessoas por causa disso. O importante é Jesus. Uns seguem Buda, o Alcorão, essas coisas, não é?
O senhor pretende aproveitar a onda para criar projetos de lei para outros religiosos? Se alguém fizer eu aprovo.
A Lei do Pai Nosso é seu legado para Ilhéus? Tem muita gente que achou boa e pertinente. É a lei e o canto do hino nacional antes das aulas que as pessoas gostam. É minha mensagem para disciplinar o ser humano, educar e dar uma lição de vida.
A cidade não tem problemas que mereçam mais sua atenção? Claro. Criei um comitê de combate à pedofilia, o conselho municipal de política sobre drogas, o fundo municipal do direito do dependente químico, a lei que proíbe fumar em espaço público… Em resumo, só criei coisas importantes para a cidade.
O que significa esse seu apelido, Gurita? Esse apelido ganhei por força de um goleiro de futebol daqui. Quando era criança, eu o imitava e o nome dele era Gurita.
Igor Paulin/Época
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