Um estudo feito em ratos descobriu que os micróbios causadores de úlcera de estômago também podem afetar as células do cérebro. A Helicobacter pylori, uma bactéria que vive no estômago de cerca de metade das pessoas no mundo, pode ajudar a causar mal de Parkinson.
Mal de Parkinson é uma desordem neurológica que mata as células produtoras de dopamina em algumas partes do cérebro. Pessoas com a doença têm dificuldade para controlar seus movimentos. Cerca de 60 mil novos casos da doença são diagnosticados a cada ano nos Estados Unidos. No Brasil, aproximadamente 400 mil pessoas são possuem mal de Parkinson.
Alguns estudos anteriores sugeriram que pessoas com mal de Parkinson são mais suscetíveis do que as saudáveis a terem tido úlcera em algum momento de suas vidas, assim como têm mais chances de serem infectadas pela H. pylori. Mas só agora os cientistas conseguiram encontrar provas circunstanciais da ligação entre a bactéria e a doença.
No experimento, ratos de meia idade infectados com a bactéria que causa úlcera desenvolveram padrões de movimentos anormais durante vários meses de infecção, de acordo com Traci Testerman, microbiologista no Centro de Saúde e Ciências da Universidade do Estado de Louisiana, em Shreveport, Estados Unidos. Camundongos jovens infectados com a bactéria não mostram quaisquer sinais de problemas nos movimentos.
Colega de Testerman, o neurocientista Michael Salvatore descobriu que os ratos infectados pela Helicobacter produzem menos dopamina nas partes do cérebro que controlam o movimento, possivelmente indicando que as células produtoras do neurotransmissor estão morrendo da mesma forma que acontece em pacientes com mal de Parkinson.
Mesmo que os cientistas comprovem que a H. pylori pode causar ou contribuir diretamente para o surgimento da doença, não está claro se se livrar do organismo seria uma coisa boa. Embora a bactéria cause úlcera e câncer no estômago, ela também ajuda a proteger o organismo contra alergias, asma e câncer de esôfago, assim como outras doenças do sistema digestivo.
“É difícil precisar neste momento qual o efeito de deixar a bactéria no organismo ou tirá-la de lá pode ter sobre a saúde de uma pessoa”, conta Stanley Maloy, microbiologista da Universidade Estadual de San Diego, Califórnia, EUA. “Mas é claro que uma possível ligação entre mal de Parkinson e a bactéria no estômago não pode ser ignorada”.
ESG
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